A prática regular de exercícios físicos é considerada fundamental para a melhora da saúde. Mas até mesmo neste caso o excesso pode gerar prejuízos ao nosso corpo, especialmente quando não há o descanso adequado.
Em casos mais graves, esse quadro pode evoluir para a chamada síndrome do overtraining, caracterizada por perda de performance e de apetite, fadiga crônica, dor muscular, aumento de lesões, alterações no sistema imune e no metabolismo. Um problema conhecido, mas envolto em mistério.
Proteína está relacionada ao overtraining
- Para descobrir o que desencadeia esta síndrome dentro do nosso corpo, pesquisadores da Unicamp realizaram um experimento em camundongos.
- Os roedores foram submetidos a um treinamento excessivo e apresentaram perda de performance, fadiga e até sintomas comportamentais.
- O que a equipe identificou foi um aumento de forma excessiva da proteína PARP1 na musculatura esquelética dos animais.
- Os cientistas explicam que esta proteína é ativada quando há algum estresse no organismo, prevenindo a morte celular, sendo bem descrita como aumentada no músculo esquelético em condição de obesidade e distrofias musculares.
- Agora, foi confirmada que sua hiperativação está relacionada ao dano muscular causado pelo excesso de exercício.
- As conclusões foram descritas em estudo publicado na revista Molecular Metabolism.

Leia mais
Pesquisadores buscam tratamento para a condição
Segundo reportagem da Agência FAPESP, não há tratamento específico para a síndrome do overtraining. A recomendação nestes casos é suspender parcial ou totalmente o treinamento por algumas semanas ou até meses.
Mas há uma esperança. No novo estudo, os pesquisadores observaram que camundongos tratados com uma droga que inibe a atividade da PARP1 não tiveram queda de desempenho e demais sintomas da síndrome após realizarem um protocolo de exercício físico excessivo.

Em tumores de mama e ovário, o medicamento denominado olaparibe, inibe a atividade da PARP1 e, assim, facilita a morte das células cancerígenas. A equipe agora descobriu que ela também evitou a hiperativação da proteína no músculo, evitando o quadro de overtraining.
Os pesquisadores afirmaram que a descoberta representa um grande avanço, mas que há efeitos colaterais, inclusive a possibilidade de suprimir o sistema imune. O próximo passo é buscar algum composto natural que possa reduzir a produção de PARP1 no músculo.