Imagine uma investigação em ritmo acelerado para descobrir se um inimigo invisível – o hacker – esteve por trás do grande blecaute que mergulhou Espanha e parte da Europa em escuridão no fim de abril.
Na madrugada de 28 de abril, dezenas de milhões de pessoas na Espanha, Portugal e em outros cantos do Velho Continente viram as luzes se extinguir repentinamente. Serviços públicos, hospitais, empresas e lares ficaram às cegas por horas.
Agora, o Instituto Nacional de Segurança Cibernética da Espanha (Incibe) coordena inquérito que examina se falhas digitais, e não técnicas, precipitaram o colapso elétrico.
Pequenas usinas, grande vulnerabilidade
O foco das autoridades recai sobre instalações de porte modesto – parques solares e eólicos que, juntos, são a espinha dorsal renovável do país. Cada gerador conectado à internet virou potencial ponto de invasão. Para avaliar riscos, operadores de energia receberam extenso questionário:
- Controle remoto: existem brechas que permitem manipular a produção a partir de qualquer lugar?
- Registros de irregularidades: detectaram tentativas de acesso não autorizado antes do apagão?
- Atualizações de segurança: qual foi a última vez que cada sistema recebeu um patch?
- Arquitetura em xeque: seria esse modelo fragmentado – milhares de mini‑usinas em vez de poucos gigantes – o calcanhar de Aquiles?
Basta olhar os dados: a operadora Red Eléctrica monitora, em tempo real, quatro mil instalações renováveis com capacidade mínima de 1 MW.
Em casos de grandes unidades (acima de 5 MW), ela pode ajustar remotamente a geração. Já o segmento solar conta com, ao menos, 54 mil pontos de geração distribuída, espalhados em telhados e terrenos.
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Ciberataque ou coincidência?
Apesar de a Espanha ter sofrido 100 mil tentativas de invasão em 2024 – 70% voltadas a empresas e órgãos governamentais –, a maior parte dos especialistas em eletricidade descarta a hipótese de sabotagem digital como causa direta do blecaute.
Quando 15 GW – cerca de 60% da capacidade instalada da Espanha – sumiram em questão de segundos, a malha elétrica perdeu estabilidade e várias centrais foram desligadas como medida de segurança. Retomar o funcionamento pleno do sistema levou 16 horas, um tempo que, segundo os especialistas, não condiz com os danos que um hacker deixaria nos sistemas de controle.

Enquanto isso, o Incibe continua cruzando respostas e logs de segurança, na esperança de apontar – ou descartar – a falha cibernética como pivô do incidente. Seja qual for o veredito, o episódio já escancarou um alerta: mesmo uma infraestrutura aparentemente resiliente pode ter seu ponto fraco na linha de código.
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