Um artigo publicado na revista Geology revela que um conhecido impacto de meteorito ocorrido no noroeste da Escócia aconteceu cerca de 200 milhões de anos depois do que se imaginava. Antes, acreditava-se que a colisão tinha sido há 1,2 bilhão de anos, mas novos dados indicam que o evento se deu há 990 milhões de anos.
Essa descoberta muda não apenas a cronologia da geologia escocesa, como também o entendimento sobre o ambiente da Terra naquela época.
Em poucas palavras:
- Um impacto de meteorito que se pensava ter ocorrido há 1,2 bilhão de anos na Escócia, na verdade, pode ter sido mais de 200 milhões de anos mais tarde;
- A colisão formou rochas que registram mudanças no clima e na vida da Terra;
- Cristais de zircão e reidite revelam a força e a data do impacto;
- O evento coincidiu com o surgimento dos primeiros eucariontes de água doce no planeta;
- Isso pode ter influenciado a evolução da vida fora dos oceanos.
De acordo com um comunicado, o impacto formou uma camada de rochas chamada Stac Fada Member, que guarda sinais importantes do passado do planeta. Essas rochas preservam evidências de como colisões com meteoritos podem ter influenciado o clima, o solo e a vida da Terra. Elas ajudam a entender o que existia antes e o que mudou depois do evento.
Os cientistas analisaram cristais microscópicos de zircão presentes nessas rochas. Esses cristais funcionam como cápsulas do tempo naturais, que guardam informações geológicas com precisão, permitindo descobrir datas com milhões de anos de diferença.
Alguns desses cristais chegaram a se transformar em um mineral raríssimo, chamado reidite, que só se forma em pressões extremamente altas, como as geradas por impactos de meteoritos.

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O estudo revelou que o impacto aconteceu na mesma época em que começaram a surgir os primeiros eucariontes de água doce – organismos complexos que deram origem às plantas, fungos e animais. Isso levanta a possibilidade de que a colisão possa ter influenciado os ecossistemas primitivos, ajudando ou atrapalhando o desenvolvimento da vida fora dos oceanos.
Segundo o coautor da pesquisa Tony Prave, professor da Universidade de St Andrews, a área afetada tinha rios, lagos e uma biodiversidade microbiana rica. Segundo ele, o diferencial do Stac Fada é que o local conserva o registro não só do impacto, como também da superfície terrestre onde esses organismos viviam. Isso permite estudar como a vida reagiu ao impacto e se recuperou depois da destruição.
Além de cientistas da Universidade de St Andrews, o estudo envolveu pesquisadores da Universidade Curtin (Austrália), da NASA e da Universidade de Portsmouth, na Inglaterra. Para o geólogo Chris Kirkland, essa abordagem traz pistas que podem levar à localização da cratera original, ainda não descoberta. Entender esses impactos ajuda a explicar como a vida evoluiu na Terra.