Durante o outono e o inverno, muitos moradores de grandes cidades percebem uma mudança nas cores do céu, especialmente ao amanhecer e ao entardecer. O tom alaranjado intenso, que marca o horizonte urbano nesses períodos, não é apenas um efeito visual bonito — ele é resultado direto de fenômenos atmosféricos e da poluição do ar.
A combinação entre o ângulo do sol, a inversão térmica e os poluentes presentes na atmosfera altera a forma como a luz se comporta. Esse conjunto de fatores intensifica tons quentes, como o laranja e o vermelho, enquanto outras cores são dispersadas pela atmosfera. O resultado é um céu com coloração mais marcante justamente nos meses mais frios do ano.
Por que o céu muda de cor?
- A explicação está na física da luz.
- A luz solar é composta por diversas cores, cada uma com um comprimento de onda diferente.
- Durante o dia, com o sol mais alto no céu, as ondas curtas, como o azul e o violeta, são mais visíveis porque se dispersam mais facilmente na atmosfera.
- Porém, no início da manhã e no fim da tarde, a luz solar percorre um caminho mais longo até chegar aos nossos olhos.
- Nesse trajeto, a luz azul é quase totalmente desviada, enquanto ondas mais longas, como o vermelho e o laranja, conseguem atravessar a atmosfera.
- A presença de poluentes, poeira e partículas em suspensão acentua esse processo, deixando o céu ainda mais colorido.
- “Poluição e poeira podem intensificar os tons vermelhos e laranjas ao amanhecer e ao entardecer”, afirmou Fernando Mendes, meteorologista do Simepar, à CNN Brasil.

Inversão térmica agrava a situação
A inversão térmica é outro fator que contribui para o céu alaranjado, principalmente nas estações frias. Ela ocorre quando uma camada de ar quente se forma sobre o ar frio próximo ao solo, impedindo a circulação vertical da atmosfera. Isso cria uma espécie de “tampa” que retém os poluentes próximos da superfície.
Com a poluição concentrada mais próxima do solo, o fenômeno da dispersão da luz é ainda mais impactado. O céu tende a exibir cores mais fortes e carregadas, mas a beleza visual contrasta com um problema de saúde pública: o ar se torna mais nocivo para pessoas com doenças respiratórias, como asma e bronquite, além de afetar a população em geral.
Poluição, clima seco e incêndios
Nas grandes cidades, onde a concentração de veículos e indústrias é maior, os efeitos da inversão térmica e da poluição são mais severos. A qualidade do ar piora, e o céu alaranjado é um indicativo visual desse cenário. Mas os impactos vão além da coloração: em períodos de clima seco, típicos do outono e inverno, o risco de incêndios florestais aumenta.

A vegetação ressecada, somada à poluição atmosférica, facilita a propagação do fogo. A fumaça dos incêndios contém partículas finas de carbono, que podem viajar por centenas de quilômetros. Quando isso acontece, o céu pode ganhar uma aparência ainda mais carregada — entre o cinza e o marrom escuro — reforçando os impactos ambientais e visuais da poluição.