Humanos moldaram cães e gatos de forma inesperada

Criação seletiva aproximou espécies distantes — e trouxe riscos à saúde dos animais

Imagem: Chendongshan/Shutterstock

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Um novo estudo conduzido pela bióloga evolucionista Abby Grace Drake, da Cornell University, e publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, revela que a domesticação aproximou cães e gatos de formas inesperadas.

Apesar de separados por cerca de 50 milhões de anos de evolução, raças como pugs e gatos persas desenvolveram crânios semelhantes — especialmente no formato achatado do focinho — devido à criação seletiva feita por humanos.

Esse fenômeno é um exemplo de evolução convergente, quando espécies diferentes desenvolvem características parecidas por conta de pressões semelhantes, neste caso, impulsionadas pelo gosto humano por traços considerados “fofos”.

Descobertas do estudo

  • Os pesquisadores analisaram mais de 1.800 crânios escaneados em 3D de cães, gatos e seus parentes selvagens.
  • Os resultados mostraram que, enquanto os animais selvagens mantêm formas cranianas relativamente estáveis, os domésticos apresentam uma diversidade extrema, indo de focinhos muito alongados a extremamente achatados.
  • Isso é atribuído à reprodução seletiva com foco estético — uma prática que muitas vezes ignora as consequências para a saúde dos animais.
Gato dormindo em cima de cachorro deitado que olha para a câmera que tirou a foto
Pesquisadores alertam que intervenção humana criou padrões estéticos prejudiciais aos pets (Imagem: Divulgação/Sema-DF)

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As feições achatadas, por exemplo, apelam aos instintos humanos que reagem positivamente a traços infantis (como olhos grandes e rostos redondos), mas também estão associadas a problemas respiratórios, neurológicos e reprodutivos.

Regulamentações para criação de animais domésticos

Relatórios recentes do Comitê de Bem-Estar Animal do Reino Unido alertam para os riscos dessas práticas e pedem regulamentações mais rigorosas na criação de animais.

A pesquisa é um lembrete de como os humanos, ao intervir artificialmente na seleção genética, podem gerar semelhanças entre espécies distintas — mas também sofrimento animal — em apenas algumas décadas, revertendo lentamente o trabalho de milhões de anos de evolução.

Menina com cão e gato
Preferência por traços “fofos” criou semelhanças entre espécies, com consequências perigosas – Freepic.diller/Freepik


Leandro Costa Criscuolo

Colaboração para o Olhar Digital

Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.


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