Um novo estudo conduzido pela bióloga evolucionista Abby Grace Drake, da Cornell University, e publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, revela que a domesticação aproximou cães e gatos de formas inesperadas.
Apesar de separados por cerca de 50 milhões de anos de evolução, raças como pugs e gatos persas desenvolveram crânios semelhantes — especialmente no formato achatado do focinho — devido à criação seletiva feita por humanos.
Esse fenômeno é um exemplo de evolução convergente, quando espécies diferentes desenvolvem características parecidas por conta de pressões semelhantes, neste caso, impulsionadas pelo gosto humano por traços considerados “fofos”.
Descobertas do estudo
- Os pesquisadores analisaram mais de 1.800 crânios escaneados em 3D de cães, gatos e seus parentes selvagens.
- Os resultados mostraram que, enquanto os animais selvagens mantêm formas cranianas relativamente estáveis, os domésticos apresentam uma diversidade extrema, indo de focinhos muito alongados a extremamente achatados.
- Isso é atribuído à reprodução seletiva com foco estético — uma prática que muitas vezes ignora as consequências para a saúde dos animais.

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As feições achatadas, por exemplo, apelam aos instintos humanos que reagem positivamente a traços infantis (como olhos grandes e rostos redondos), mas também estão associadas a problemas respiratórios, neurológicos e reprodutivos.
Regulamentações para criação de animais domésticos
Relatórios recentes do Comitê de Bem-Estar Animal do Reino Unido alertam para os riscos dessas práticas e pedem regulamentações mais rigorosas na criação de animais.
A pesquisa é um lembrete de como os humanos, ao intervir artificialmente na seleção genética, podem gerar semelhanças entre espécies distintas — mas também sofrimento animal — em apenas algumas décadas, revertendo lentamente o trabalho de milhões de anos de evolução.
