A adoção de cuidados para com a saúde auditiva é uma forma de retardar o declínio cognitivo e prevenir o surgimento da demência. É isso o que revelou um estudo realizado com 805 brasileiros na faixa dos 50 anos de idade.
Segundo os pesquisadores envolvidos no trabalho, a descoberta pode ajudar a reduzir o número de casos de Alzheimer no futuro, por exemplo.
As conclusões foram descritas no Journal of Alzheimer’s Disease.
Problemas de audição são um fator de risco para demência
- A perda auditiva geralmente tem início na meia-idade e é um fator de risco reconhecido para demências.
- Isso ocorre em função da audição ser uma importante via de entrada de informação para o cérebro.
- Quando este processo é interrompido, áreas importantes deixam de ser estimuladas, podendo acelerar o declínio cognitivo.
- Além disso, os problemas de audição podem levar ao isolamento social.
- Fatores ligados ao trabalho são um dos principais responsáveis pela perda auditiva, em função da exposição a ambientes com muito barulho.
- Por outro lado, o uso de fones de ouvido com volume muito alto também prejudica a audição.
- As informações são da Agência FAPESP.

Leia mais
Estudo confirmou relação entre os problemas
Durante o estudo, os participantes realizaram testes de audiometria, uma medida objetiva da qualidade da audição, três vezes ao longo dos oito anos de investigação. No mesmo período foram realizados testes de memória, linguagem e função executiva, que aferiram a associação entre perda auditiva e declínio cognitivo acentuado.
Dos 805 participantes, 62 (7,7%) apresentaram perda auditiva. Eles tiveram um declínio cognitivo global mais rápido que o esperado para a idade. Além disso, os testes específicos do domínio cognitivo mostraram declínios semelhantes, mas menos precisos, na memória, fluência verbal e função executiva.

A perda auditiva é o que chamamos de fator de risco modificável para as demências, entre elas Alzheimer, exatamente por ser passível de identificação e correção. Em 2050, a previsão é que mais de 70% das pessoas com demências vivam em países de baixa e média renda, como o Brasil. Por isso, é importante ter estudos que identifiquem a nossa realidade e os fatores passíveis de prevenção. Além do peso individual, há também uma carga coletiva. Não tem como o Brasil e outros países de baixa e média renda envelhecerem com demência.
Claudia Suemoto, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e autora do estudo