entidade investiga remédios para emagrecimento

O programa Yellow Card, da Agência Reguladora de Medicamentos do país, já recebeu mais de 400 notificações de pancreatite aguda em pacientes.

(Imagem: KK Stock / Shutterstock.com)

Compartilhe esta matéria

Medicamentos agonistas do receptor GLP-1 estão na moda. Se você ainda não ligou o nome à coisa, estamos falando daqueles remédios para emagrecimento, como o Ozempic e o Mounjaro.

Originalmente criados para o tratamento do diabetes tipo 2, eles se popularizaram mais nos últimos anos, quando passaram também a ter essa nova função. Por se tratar de algo relativamente novo, o mundo ainda está descobrindo seus pontos positivos e negativos.

Leia mais

Segundo informa o UOL, autoridades de saúde do Reino Unido estão investigando um possível efeito colateral do uso desses remédios: uma inflamação no pâncreas. Até o momento, o país já recebeu mais de 400 notificações de pancreatite aguda em pacientes que usaram Mounjaro, Wegovy, Ozempic e liraglutida. Desse total, quase metade (181 casos) estão relacionados ao Mounjaro.

Todas as notificações foram feitas ao chamado programa Yellow Card. Trata-se de uma iniciativa da Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde (MHRA, na sigla em inglês) justamente criada para receber relatos sobre efeitos de medicamentos.

As “canetas emagrecedoras” se popularizaram nos últimos anos, mas nasceram como remédios para tratar o diabetes tipo 2 – Imagem: Alones/Shutterstock

O que aconteceu por lá

  • As 400 notificações dizem respeito aos últimos anos.
  • Somente em 2025, foram 22 casos de pancreatite aguda após o uso de semaglutida (Ozempic e Wegovy) e 101 após o uso de tirzepatida (Mounjaro).
  • As autoridades suspeitam que esse número seja maior, uma vez que o Yellow Card funciona a partir do relato de pacientes – e muitos deles podem ter ignorado essa recomendação.
  • Vale destacar que a bula desses medicamentos já traz a pancreatite como um efeito colateral “incomum”, que afeta cerca de um em cada 100 pacientes.
  • Diante do elevado número de casos, porém, os britânicos decidiram investigar a questão mais a fundo.
  • Falando ao jornal The Guardian, um porta-voz da MHRA disse acreditar que essa alta esteja relacionada ao aumento no número de usuários desses remédios.
  • Agora, como a pancreatite é uma doença grave, eles viram a necessidade de conduzir um estudo sobre o assunto.
  • A pancreatite aguda é uma inflamação súbita do pâncreas, um órgão que ajuda na digestão e produz a insulina (responsável pela absorção da glicose).
  • Os principais sintomas são: dor abdominal intensa, náuseas, febre e, em alguns casos, amarelamento da pele e dos olhos.
  • A pancreatite aguda pode ser fatal, com taxas de mortalidade que variam entre 7% e 15%, especialmente em casos graves.
Anatomia dos Órgãos do Corpo Humano (Pâncreas)
Esse de vermelho é o nosso pâncreas, que fica atrás do estômago e tem uma função importante dentro do nosso sistema digestivo – Imagem: Magic Mine/Shutterstock

Devemos nos preocupar e suspender o uso desses medicamentos?

A resposta é não. Não por enquanto. A própria MHRA ainda não fez nenhuma recomendação oficial sobre o assunto. Apenas abriu essa investigação para entender melhor o que está acontecendo.

A entidade vai agora conduzir um estudo junto com outros órgãos de saúde do Reino Unido. Quer saber se essa reação é mais comum do que aparece na bula. Quer saber também os efeitos que os agonistas de GLP-1 possuem especificamente no pâncreas – e se isso tem a ver com a dosagem do remédio.

Lembrando que os diabéticos têm baixa ou nenhuma produção de insulina (que é feita no pâncreas). E os agonistas foram originalmente concebidos como tratamento para essa doença. Os cientistas querem entender agora se a ação desses medicamentos pode estar sobrecarregando o órgão.

Existem outros caminhos para a perda de peso, como a dieta e a inclusão de uma rotina regular de exercícios físicos – Imagem: Liudmila Chernetska/iStock

Até lá, não há motivos para pânico. E a orientação é sempre consultar um médico antes de iniciar – ou continuar – qualquer tratamento.


Bob Furuya

Colaboração para o Olhar Digital

Roberto (Bob) Furuya é formado em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atua na área desde 2010. Passou pelas redações da Jovem Pan e da BandNews FM.


Postagem Relacionada

Copyright © 2024 Jornal Vertente

Jornal Vertente
Visão geral da privacidade

Este site utiliza cookies para que possamos fornecer a melhor experiência possível ao usuário. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e desempenham funções como reconhecer você quando retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.