Medicamentos agonistas do receptor GLP-1 estão na moda. Se você ainda não ligou o nome à coisa, estamos falando daqueles remédios para emagrecimento, como o Ozempic e o Mounjaro.
Originalmente criados para o tratamento do diabetes tipo 2, eles se popularizaram mais nos últimos anos, quando passaram também a ter essa nova função. Por se tratar de algo relativamente novo, o mundo ainda está descobrindo seus pontos positivos e negativos.
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Segundo informa o UOL, autoridades de saúde do Reino Unido estão investigando um possível efeito colateral do uso desses remédios: uma inflamação no pâncreas. Até o momento, o país já recebeu mais de 400 notificações de pancreatite aguda em pacientes que usaram Mounjaro, Wegovy, Ozempic e liraglutida. Desse total, quase metade (181 casos) estão relacionados ao Mounjaro.
Todas as notificações foram feitas ao chamado programa Yellow Card. Trata-se de uma iniciativa da Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde (MHRA, na sigla em inglês) justamente criada para receber relatos sobre efeitos de medicamentos.

O que aconteceu por lá
- As 400 notificações dizem respeito aos últimos anos.
- Somente em 2025, foram 22 casos de pancreatite aguda após o uso de semaglutida (Ozempic e Wegovy) e 101 após o uso de tirzepatida (Mounjaro).
- As autoridades suspeitam que esse número seja maior, uma vez que o Yellow Card funciona a partir do relato de pacientes – e muitos deles podem ter ignorado essa recomendação.
- Vale destacar que a bula desses medicamentos já traz a pancreatite como um efeito colateral “incomum”, que afeta cerca de um em cada 100 pacientes.
- Diante do elevado número de casos, porém, os britânicos decidiram investigar a questão mais a fundo.
- Falando ao jornal The Guardian, um porta-voz da MHRA disse acreditar que essa alta esteja relacionada ao aumento no número de usuários desses remédios.
- Agora, como a pancreatite é uma doença grave, eles viram a necessidade de conduzir um estudo sobre o assunto.
- A pancreatite aguda é uma inflamação súbita do pâncreas, um órgão que ajuda na digestão e produz a insulina (responsável pela absorção da glicose).
- Os principais sintomas são: dor abdominal intensa, náuseas, febre e, em alguns casos, amarelamento da pele e dos olhos.
- A pancreatite aguda pode ser fatal, com taxas de mortalidade que variam entre 7% e 15%, especialmente em casos graves.

Devemos nos preocupar e suspender o uso desses medicamentos?
A resposta é não. Não por enquanto. A própria MHRA ainda não fez nenhuma recomendação oficial sobre o assunto. Apenas abriu essa investigação para entender melhor o que está acontecendo.
A entidade vai agora conduzir um estudo junto com outros órgãos de saúde do Reino Unido. Quer saber se essa reação é mais comum do que aparece na bula. Quer saber também os efeitos que os agonistas de GLP-1 possuem especificamente no pâncreas – e se isso tem a ver com a dosagem do remédio.
Lembrando que os diabéticos têm baixa ou nenhuma produção de insulina (que é feita no pâncreas). E os agonistas foram originalmente concebidos como tratamento para essa doença. Os cientistas querem entender agora se a ação desses medicamentos pode estar sobrecarregando o órgão.

Até lá, não há motivos para pânico. E a orientação é sempre consultar um médico antes de iniciar – ou continuar – qualquer tratamento.