Partido político de Elon Musk pode ganhar relevância nos EUA?

Elon Musk cumpriu a sua promessa e anunciou oficialmente a criação de um novo partido político nos Estados Unidos. O “Partido da América” é resultado do rompimento das relações com o presidente Donald Trump.

Segundo o bilionário, a criação da sigla é uma resposta ao sistema político norte-americano. “Quando se trata de levar nosso país à falência com desperdício e corrupção, nós vivemos em um sistema unipartidário, e não numa democracia”, alegou o empresário.

Ao fundo, fotos de ELon Musk (direita) e Donald Trump (esquerda); à frente, parte da bandeira dos EUA tremulando na tela de um smartphone
Trump e Musk já foram aliados, mas relação azedou (Imagem: bella1105/Shutterstock)
  • A ideia de criar um novo partido surgiu em meio ao polêmico projeto de lei batizado de “One Big Beautiful Bill Act”.
  • Aprovada no Congresso, a proposta é considerada uma das principais da administração Trump.
  • Ela prevê o corte de gastos sociais, subsídios à energia limpa e impostos.
  • No entanto, aumenta as despesas com defesa e controle de migração.
  • Para Musk, as medidas devem aumentar em US$ 3,3 trilhões (R$ 17,8 bilhões) a dívida pública do país.
  • Por conta disso, ele acusou o governo de não se importar com o que o povo norte-americano realmente deseja.
  • Daí surgiu o novo partido.

Leia mais

Elon Musk usando uma camiseta com os dizeres
Empresário chegou a ter um cargo na Casa Branca (Imagem: Joshua Sukoff/Shutterstock)

Desafio de Musk é gigantesco

Musk já deixou claro que não pretende ser candidato. Lembrando que ele não pode concorrer a nenhum cargo público pelo fato de ter nascido na África do Sul. Em vez disso, o novo partido poderia assegurar votos decisivos para a aprovação de projetos de lei que o bilionário considera importantes para o país.

O grande desafio, no entanto, é conseguir relevância dentro do cenário político dos EUA. Nas últimas décadas, dezenas de siglas foram criadas, mas nenhuma conseguiu se estabelecer como uma alternativa para o sistema bipartidário norte-americano, dominado por republicanos e democratas.

Atualmente, a terceira maior agremiação política do país é o Partido Libertário, criado em 1971. Seu melhor desempenho em eleições presidenciais foi em 2016, com o candidato Gary Johnson, que recebeu 3,27% dos votos, número insuficiente até mesmo para eleger deputados. Para se ter uma ideia, o Congresso dos EUA hoje praticamente não tem membros fora dos partidos republicano e democrata. A exceção são dois senadores independentes, de um total de 100 assentos.

Desbancar os democratas e republicanos não será uma tarefa simples (Imagem: Governo dos EUA)

Segundo o cientista político Bernard Tamas, da Universidade Estadual Valdosta, o sucesso de um novo partido depende da existência de um grande número de insatisfeitos com as atuais opções políticas. Além disso, é necessário muito dinheiro (o que não seria um problema para Musk). As informações são do portal DW.

Um dos maiores problemas dos partidos que surgiram até então é que eles não estão realmente acessando essa insatisfação. Eles tendem a ser mais sem graça e não focar de verdade nesse forte anseio por mudanças. Surgem muito rápido, lançam um monte de candidatos pelo país e aborrecem enormemente um dos dois grandes partidos, ou ambos. Você precisa de dinheiro, mas nenhuma terceira via jamais terá o bastante para competir em seus próprios termos contra os republicanos ou democratas.

Bernard Tamas, cientista político da Universidade Estadual Valdosta


Postagem Relacionada

Copyright © 2024 Jornal Vertente

Jornal Vertente
Visão geral da privacidade

Este site utiliza cookies para que possamos fornecer a melhor experiência possível ao usuário. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e desempenham funções como reconhecer você quando retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.