Os SUVs caíram no gosto do brasileiro há um bom tempo. Dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) apontam que os utilitários esportivos responderam por quase 60% das vendas no país no início deste ano. Dos 15 carros mais vendidos no período, 12 possuem características de SUV.
O fenômeno é global (tirando alguns mercados asiáticos). Nos Estados Unidos, por exemplo, os consumidores procuram quase sempre por esse segmento – ou pelas picapes. Eles elogiam a versatilidade desse tipo de veículo, mas não só isso. Argumentam que precisam de carros grandes e fortes para transporte de pessoas ou de carga, além de lidar com questões climáticas também, como a neve.
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Na Europa, por outro lado, a ascensão é mais lenta. E tem muitos países e especialistas que resistem aos modelos maiores. Dizem que esses carros podem poluir mais e ocupam mais espaço – o que não combina com ruas estreitas e lotadas ou com cidades turísticas. Também alertam que os veículos grandes podem representar um risco para crianças.
A conclusão partiu de pesquisadores da Universidade de Loughborough, na Inglaterra, que trabalharam em conjunto com a organização ambiental Transport & Environment (T&E).
Um campo de visão mais limitado
- Na Europa, em média, crianças entre 4 e 5 anos possuem cerca de 1,1 metro de altura.
- Isso é bem mais baixo do que a dianteira de uma RAM TRX, por exemplo, que mede 1,3 m.
- O estudo mostra que esse problema não ocorre com carros menores.
- Um hatchback como o Volkswagen Golf, com capô de 75 cm, oferece uma visão muito mais ampla e segura.
- De acordo com a T&E, as limitações visuais podem levar a um aumento no número de acidentes e situações de risco, especialmente ao fazer curvas e ao sair ou entrar em uma garagem.
- O motorista pode até ser prudente e fazer essas manobras em baixa velocidade.
- O problema, porém, está no campo de visão.
- Das 430 crianças que morrem anualmente em acidentes rodoviários na Europa, cerca de um terço são pedestres e são vítimas de carros grandes a velocidade baixa.
O pedido da ONG
Ao lançar esse estudo, a Transport & Environment fez também uma solicitação às autoridades da União Europeia: quer uma mudança nas leis e nas medidas até 2027.
Que fique claro: as montadoras não estão fazendo nada de errado e seus veículos respeitam as normas e regras vigentes. Para a ONG, no entanto, é preciso mexer na origem do problema.
Desde 2010, a altura média do capô dos veículos vendidos na União Europeia, Reino Unido e Noruega aumentou de 76,9 cm para 83,8 cm. Trata-se, portanto, de um aumento de meio centímetro por ano. Se isso continuar, chegaremos a 2040 com uma média de 92 centímetros de capô.

Sim, os veículos costumam ser altamente tecnológicos, com sistemas de radares e tudo. Na União Europeia, a frenagem automática de emergência é obrigatória desde julho do ano passado. Os especialistas, no entanto, dizem que preferem pecar pelo excesso.
Querem limitar legalmente a altura máxima do capô a 85 cm em carros novos e defendem a realização de um teste obrigatório de visibilidade infantil que simula situações da vida real. A União Europeia ainda não se manifestou oficialmente sobre essas solicitações.
As informações são do jornal La Nación.