Vespa possui cor rara e pode absorver quase toda a luz visível

Microestruturas minimizam a luz refletida e maximizam a luz absorvida pelo corpo das vespas, criando um efeito de “superescuridão”

Imagem: Beilstein Journal of Nanotechnology

Compartilhe esta matéria

A natureza é repleta de cores, com cada uma delas tendo uma propósito diferente. Estas colorações podem servir como mecanismos de sobrevivência das espécies, seja para atrair parceiros, afastar predadores ou até se camuflar no ambiente.

Neste sentido, um novo estudo descreveu, pela primeira vez, a presença de cores ultraescuras em vespas conhecidas como formigas-feiticeiras. No Brasil, estes insetos vivem em regiões abertas do Cerrado e da Caatinga.

Estudo demonstrou capacidade do animal de refletir quase que totalmente a luz (Imagem: Beilstein Journal of Nanotechnology)

Coloração cria um efeito de “superescuridão”

  • As formigas feiticeiras, apesar do nome, são um grupo de vespas pertencentes à família Mutillidae. 
  • Um dos responsáveis pelo trabalho é Vinicius Marques Lopez, doutor em Entomologia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP).
  • Ele foi o responsável por coletar os pequenos animais.
  • A análise destas criaturas revelou que as cores raras são formadas por microestruturas que minimizam a luz refletida e maximizam a luz absorvida pelo corpo das vespas, criando uma “superescuridão”.
  • As descobertas foram descritas em artigo publicado na revista Beilstein Journal of Nanotechnology .

Leia mais

Espécie foi analisada em novo estudo (Imagem: Beilstein Journal of Nanotechnology)

Cor serve para afastar predadores

Durante o estudo, os pesquisadores utilizaram procedimentos microscópicos para investigar as vantagens adaptativas trazidas pelas cores ultraescuras nas vespas. Eles descobriram que o material usado para análise refletia mais luz que o próprio animal, segundo o Jornal da USP.

No exoesqueleto da T. bifurca foram encontradas cutículas muito especializadas formadas por arranjos de microestruturas localizadas na superfície do corpo do inseto. Verificou-se que a luz que atinge as cutículas vai, progressivamente, sendo direcionada para dentro desses arranjos, ordenados como finas páginas de um livro, de forma que pouquíssima luz escape e seja refletida.

Corpo do animal conta com microestruturas que minimizam a luz refletida e maximizam a luz absorvida (Imagem: Beilstein Journal of Nanotechnology)

Parece que, junto a essas estruturas ordenadas, há também bastante pigmento de melanina. Esse tegumento aumenta o tempo que a luz interage com a estrutura como um todo. Por ela interagir por mais tempo com essa estrutura que tem melanina, a luz acaba sendo mais absorvida

Vinicius Marques Lopez, pesquisador da USP

O trabalho ainda revelou que as cores das vespas servem para afastar predadores, como aves e lagartos. Estes animais detectam a coloração e acabam se afastando por associar os tons a efeitos negativos, como ferrões e veneno.


Alessandro Di Lorenzo

Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.


Postagem Relacionada

Copyright © 2024 Jornal Vertente

Jornal Vertente
Visão geral da privacidade

Este site utiliza cookies para que possamos fornecer a melhor experiência possível ao usuário. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e desempenham funções como reconhecer você quando retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.