O uso de cigarro eletrônico é uma realidade entre um a cada nove adolescentes no Brasil, segundo pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O estudo avaliou respostas de 16 mil pessoas de 14 anos ou mais, de todas as regiões do país, coletadas entre 2022 e 2024.
Pela primeira vez, a instituição considerou os vapes no Levantamento Nacional de Álcool e Drogas, realizado em conjunto com o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), por meio da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (Senad).
E o resultado surpreendeu: a quantidade de jovens que usam cigarro eletrônico já é cinco vezes o total daqueles que fumam o cigarro tradicional. Além disso, 8% dos entrevistados disse que o vape substituiu o fumo convencional.

“Os DEFs (dispositivos eletrônicos para fumar) alteram a percepção de risco e, muitas vezes, são vistos como menos prejudiciais, o que amplia seu apelo entre os mais jovens”, disse a pesquisadora coordenadora do levantamento nacional, Clarice Madruga.
Vape é problema nacional
- Cerca de 15% (26,8 milhões) da população brasileira já fez uso de algum produto com nicotina;
- O cigarro tradicional permanece sendo o mais utilizado (12,2%), mas os cigarros eletrônicos já foram consumidos por 5,3% da população;
- O estudo também mostra que 1,9% dos entrevistados faz uso combinado do cigarro tradicional e do eletrônico, o que representa maior risco de dependência e exposição simultânea a toxinas, segundo o relatório;
- Outra informação que chama a atenção é o índice de adolescentes que já experimentaram algum produto com nicotina: 10,5% das meninas e 8,3% dos meninos, de 14 a 17 anos;
- Entre eles, 78% disse não ter encontrado dificuldades para adquirir os produtos, mesmo com a comercialização dos dispositivos eletrônicos proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2009.

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Papel da família
A influência do ambiente familiar também foi ponto de atenção no relatório: 45% dos adolescentes relatou que, pelo menos, um dos pais é fumante. Entre adultos, a proporção daqueles que foram expostos ao fumo na adolescência chega a 61%.
O relatório alerta que a exposição passiva ao tabaco na infância está associada ao desenvolvimento de bronquite, asma, infecções respiratórias baixas e outros problemas de saúde do pulmão.

O estudo também aponta diferenças regionais no consumo. O uso de produtos com nicotina é maior nas regiões Centro-Oeste (20,5%) e Sul (20,2%) e menor no Norte (9,9%) e Nordeste (12,6%). No recorte por gênero, os homens seguem com prevalência mais alta, apesar de haver crescimento entre mulheres jovens.