Sonhar é mais normal do que você imagina. Especialistas na área afirmam que a gente passe cerca de um terço da nossa vida dormindo (levando em conta uma média de 8 horas de sono por dia). E, dentro desse período de sono, a estimativa é que sonhemos durante 2 horas, ou seja, 25% do tempo.
É importante destacar que a ciência ainda não tem todas as respostas sobre os sonhos. Alguns pesquisadores dizem que eles ajudam a consolidar memórias. Outros sugerem que o sonho é importante para o aprendizado. Mas não há uma resposta definitiva.
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Por que sonhamos? Como o cérebro cria os sonhos? Qual o papel eles desempenham em nossas vidas e em nossa saúde? O neurologista Abidemi Otaiku foi atrás dessas respostas e, durante seus estudos, fez uma descoberta impressionante: ter pesadelos frequentes na meia-idade ou na velhice pode estar associado a um risco aumentado de desenvolver demência.

Os sonhos, o cérebro e a nossa saúde
- Abidemi Otaiku acredita que os nossos sonhos podem revelar uma quantidade surpreendente de informações sobre a saúde do nosso cérebro.
- No artigo em questão, ele analisou dados de três grandes estudos americanos sobre saúde e envelhecimento.
- Eles incluíam mais de 600 pessoas com idades entre 35 e 64 anos e 2.600 pessoas com 79 anos ou mais.
- Todos os participantes não tinham demência no início do estudo e foram acompanhados por uma média de nove anos para o grupo de meia-idade e cinco anos para os participantes mais velhos.
- Uma das perguntas do questionário era sobre a frequência com que os participantes tinham pesadelos e sonhos ruins.
- E o neurologista descobriu que as pessoas de meia-idade que sofriam com pesadelos toda semana tinham quatro vezes mais probabilidade de sofrer declínio cognitivo (um precursor da demência) na década seguinte.
- Entre os mais velhos, a chance de ter um diagnóstico do tipo dobrava.
- O estudo também revelou que a conexão entre os pesadelos e os sinais precoces de demência eram mais presentes em homens do que em mulheres.
- Para elas, os dados não apontaram nenhuma diferença estatística relevante.
- Você pode ler a pesquisa na íntegra no periódico eClinicalMedicine.

Próximos passos
É importante destacar que esse é apenas uma teoria sobre a doença. O próprio pesquisador afirma que são necessários novos estudos para confirmar a hipótese. E para avançar com as descobertas.
Abidemi Otaiku trabalha com duas hipóteses para essa relação: ou os pesadelos frequentes podem ser um dos primeiros sinais de demência ou eles seriam um dos causadores desse problema.
Em artigo no site The Conversation, o especialista indicou quais serão os próximos passos:
“Os próximos passos da minha pesquisa incluirão investigar se pesadelos em jovens também podem estar associados a um risco aumentado de demência. Isso poderá ajudar a determinar se os pesadelos causam demência ou se são apenas um sinal precoce em algumas pessoas”, disse o pesquisador.
“Também pretendo investigar se outras características dos sonhos, como a frequência com que nos lembramos dos nossos sonhos e o quão vívidos eles são, também podem ajudar a determinar a probabilidade de as pessoas desenvolverem demência no futuro”, concluiu Otaiku.

Texto feito com base em uma reportagem do Olhar Digital de 18/07/2024.