Escondido na constelação da Ursa Maior, um punhado de estrelas quase invisível pode estar prestes a reescrever os mapas do cosmos. UMa3/U1, localizado a “apenas” 30 mil anos-luz da Terra, é tão fraco que passou despercebido até agora. Mas o que ele é, exatamente, ainda intriga os astrônomos. Será a menor galáxia já encontrada, sustentada por matéria escura? Ou um aglomerado estelar à beira do colapso que tivemos a sorte de flagrar no momento exato antes de sua extinção?
Com apenas cerca de 60 estrelas e praticamente nenhuma luz para guiá-lo, UMa3/U1 desafia as definições clássicas do que é uma galáxia. Sua estrutura frágil, do tamanho de um bairro interestelar, parece contrariar as forças brutais da Via Láctea, que deveriam ter despedaçado o grupo há bilhões de anos.
As estrelas de UMa3/U1 são muito antigas, com mais de dez bilhões de anos, e se movem juntas em velocidades semelhantes, indicando que fazem parte de um sistema estável. Simulações recentes sugerem que, se for mesmo um aglomerado estelar, ele pode sobreviver por mais dois a três bilhões de anos antes de ser destruído pela gravidade da Via Láctea. As informações são do site IFLScience.
E se for uma galáxia?
- Se UMa3/U1 for realmente uma galáxia, ela seria a menor já descoberta até hoje;
- Para se manter estável com tão poucas estrelas, provavelmente dependeria de uma grande quantidade de matéria escura, que funcionaria como uma “cola” gravitacional;
- Nesse caso, a massa estaria concentrada no centro do sistema, diferente de um aglomerado estelar, onde a massa fica distribuída de forma mais uniforme;
- Essa concentração central é um dos sinais que os cientistas procuram para diferenciar galáxias de aglomerados.
Estudos recentes usaram a chamada “função de massa” para analisar a distribuição do sistema. Os resultados indicam que UMa3/U1 se encaixa melhor como um aglomerado de estrelas, mas a dúvida ainda não foi totalmente descartada.
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O que vem a seguir?
Embora ainda não haja uma resposta definitiva, a equipe liderada por Simon Smith, estudante da Universidade de Victoria (Austrália), e Marla Geha, professora da Universidade Yale (EUA), acredita que UMa3/U1 é mais, provavelmente, um aglomerado estelar do que a menor galáxia já encontrada.
Para confirmar isso, eles recomendam que futuras observações coletem dados fotométricos mais detalhados, chegando até a magnitude aparente 25.

Com grandes levantamentos astronômicos a caminho, como os realizados pelo Observatório Vera C. Rubin e outros projetos internacionais, espera-se descobrir muitos outros satélites fracos da Via Láctea na próxima década. Essas novas descobertas poderão usar testes de função de massa para, finalmente, revelar a verdadeira natureza de objetos como UMa3/U1.
O estudo que traz essas conclusões foi publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical e promete ajudar a avançar nossos modelos cosmológicos, trazendo mais clareza sobre os menores e mais misteriosos habitantes do nosso Universo.