Done russo usa módulo de IA da Nvidia para operar na Ucrânia

O MS001 da Rússia é um veículo aéreo não tripulado (VANT) autônomo que integra inteligência artificial, sistemas de navegação reforçados e lógica de ataque em tempo real. As informações são do portal Interesting Engineering.

O sistema é impulsionado pelo supercomputador Jetson Orin, da Nvidia — um módulo de IA do tamanho da palma da mão, capaz de realizar 67 trilhões de operações por segundo. Esse sistema representa a operacionalização da IA, não em teoria, mas em combates reais. 

Em junho de 2025, forças de defesa aérea ucranianas interceptaram e analisaram um desses drones. Em seu perfil no LinkedIn, o major-general ucraniano Vladyslav Klochkov afirmou: 

Este é um predador digital. Ele não carrega coordenadas, ele pensa. A maioria dos sistemas de defesa aérea não está preparada para isso.

Vladyslav Klochkov

Drone MS001 russo opera com IA e navegação autônoma, mesmo sob interferência eletrônica
(Imagem: Major-general Vladyslav Klochkov/LinkedIn)

Diferentemente das munições vagantes tradicionais ou dos drones de ataque guiados manualmente, o MS001 opera sem comandos externos. A análise de um modelo abatido revelou um conjunto completo de sistemas embarcados projetados para autonomia em combate. Entre eles: 

  • Um sensor térmico para operações noturnas;  
  • Um módulo GPS Nasir com CRPA (Antena de Padrão de Recepção Controlada), para navegação resistente a falsificações;  
  • Chips FPGA (matriz de portas programáveis em campo), para lógica adaptativa;  
  • Um modem de rádio, para telemetria e coordenação de enxames. 

Esses componentes o tornam capaz de operar em ambientes de guerra eletrônica e permitem ao drone: 

  • Ajustar rotas de voo dinamicamente;  
  • Compartilhar dados com outras unidades;  
  • Compensar a perda de drones aliados, já que não foi projetado para voar sozinho, e sim para operar em enxames de drones coordenados. 
A análise de um modelo abatido revelou um conjunto completo de sistemas embarcados projetados para autonomia em combate. (Imagem: metamorworks/Shutterstock)

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Como chips americanos chegaram à Rússia, apesar das sanções? 

Em 2022, os Estados Unidos proibiram a exportação de chips avançados para a Rússia. No entanto, a sanção não impediu que o chip Jetson Orin, da Nvidia, chegasse até a inteligência militar do país. Avaliações de inteligência indicam que, apenas em 2023, mais de 17 milhões de dólares em componentes da Nvidia chegaram à Rússia.

Contrabandistas disfarçam chips de IA como eletrônicos de consumo e dividem os envios em pequenas quantidades. Eles traçam rotas de envio a partir de Hong Kong, Singapura, Turquia e China. O resultado: tecnologias sancionadas continuam moldando o campo de batalha. 

Outro modelo russo, o VANT apelidado de V2U, foi encontrado utilizando o mesmo chip. Acredita-se que opere de maneira semelhante, com tomada de decisão autônoma, mira adaptativa e alta resistência a contramedidas eletrônicas. 

Chips da Nvidia chegaram à Rússia por meio do mercado cinza (Imagem: Parilov/Shutterstock)

O futuro das guerras 

Nos Estados Unidos, indústrias e o Exército também realizam testes para integrar a IA em veículos de guerra. Mas o ritmo parece muito mais lento quando comparado ao da Rússia, que já está implantando esses sistemas. 

Não estamos apenas lutando contra a Rússia. Estamos lutando contra a inércia. E, a menos que essa inércia seja quebrada de forma decisiva, a próxima geração de sistemas autônomos — já em voo — moldará o futuro da guerra, com ou sem nós.

Vladyslav Klochkov


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