Astrônomos planejam lançar um satélite ao lado distante da Lua para descobrir novas informações sobre o “Amanhecer Cósmico” – os primeiros milhões de anos após o Big Bang. O grupo apresentou o projeto nesta quarta-feira (9) durante a Reunião Nacional de Astronomia (NAM) 2025, coordenada pela Royal Astronomical Society, em Durham, Inglaterra.
A missão, chamada de CosmoCube, é liderada pela Agência Espacial do Reino Unido em consórcio com pesquisadores das universidades de Cambridge e Portsmouth, além do Laboratório Rutherford Appleton, operado pelo Conselho de Instalações de Ciência e Tecnologia (STFC RAL Space). Os dados captados poderão dar pistas sobre a origem do Universo e como estruturas cósmicas, como galáxias e estrelas, se formaram.
Missão precisará do silêncio da Lua
Para detectar os sinais do Universo primordial, os cientistas precisam de silêncio. A Terra é um local cheio de sinais de rádio, além de ter a interferência causada pela atmosfera, fatores que atrapalhariam a pesquisa.
“É como tentar ouvir um sussurro enquanto um show barulhento está acontecendo na porta ao lado”, explicou Eloy de Lera Acedo, chefe de Radioastronomia e Cosmologia Cavendish da Universidade de Cambridge, membro da equipe CosmoCube, em um comunicado.
“Isso torna muito difícil captar sinais tênues de bilhões de anos atrás. Para detectar um sinal de rádio especial que vem do hidrogênio – o primeiro, mais básico e mais abundante elemento químico – no Universo primordial, precisamos que o local seja silencioso”, disse Acedo.

Por isso, o grupo pretende detectar sinais no lado oculto da Lua, que atua como um escudo gigante, bloqueando o ruído de rádio da Terra. Lá, o “sussurro ancestral”, como definem os pesquisadores, poderá ser captado e revelar novas informações sobre o início do cosmos, um período ainda pouco explorado.
“Ao fazer isso, o CosmoCube pretende nos ajudar a entender melhor como nosso Universo se transformou de um estado simples e escuro para o cosmos complexo e cheio de luz que vemos hoje, com todas as suas estrelas e galáxias”, comentou o professor.
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Satélite já está em desenvolvimento
O satélite contará com um rádio radiômetro de alta precisão – equipamento que captará baixas frequências (10-100 MHz) e poderá detectar sinais extremamente fracos.
O CosmoCube poderá trazer novos dados sobre a Tensão de Hubble, que é a diferença entre as medidas de expansão do Universo. Além disso, também poderá revelar informações sobre a matéria escura e o período conhecido como “Idade das Trevas” do cosmos, quando as primeiras estrelas ainda não haviam surgido.

“É incrível o quão longe essas ondas de rádio viajaram, chegando agora com notícias da história do Universo. O próximo passo é ir para o lado mais silencioso da Lua para ouvir essas novidades” comentou o professor David Bacon, de Portsmouth.
Agora, o satélite está em desenvolvimento, com os primeiros protótipos já operacionais, testes em curso e parcerias com a indústria para a produção tanto da plataforma espacial quanto do plano da missão. A equipe planeja um roteiro de lançamento de 4 a 5 anos, com a meta de atingir a órbita da Lua antes do final desta década.