Após comentários nazistas do Grok, Elon Musk defende a IA do X

O Grok “melhorado” está dando dor de cabeça para a xAI, empresa de Elon Musk que se fundiu ao X. Após um novo treinamento, a inteligência artificial da plataforma inicialmente ficou mais conservadora, até que, na última terça-feira (8), começou a publicar respostas antissemitas e em defesa de Hitler.

A xAI, responsável pelo chatbot, afirmou que estava ciente e tomaria medidas para coibir o discurso de ódio na rede social. Já na quarta-feira (9), Musk defendeu a IA, dizendo que o Grok era “muito ansioso para agradar e ser manipulado”.

Página do Grok em um smartphone
Chatbot passou por um novo treinamento… mas ficou pior (Imagem: Bangla press/Shutterstock)

Vamos voltar um pouco no tempo.

No final do mês passado, o Grok respondeu uma pergunta de um usuário dizendo que, desde 2016, mais violência política veio da direita do que da esquerda. Apesar do chatbot citar fontes oficiais, Musk considerou a resposta uma “falha grave” e disse que a IA está “repetindo a mídia tradicional”.

Insatisfeito, o bilionário revelou que treinaria o Grok novamente para que não fosse tão “politicamente correto”. A versão “melhorada” (segundo Musk) chegou no dia 4 de julho.

Mas os problemas logo começaram a aparecer. Inicialmente, a IA ficou mais conservadora. Por exemplo, o chatbot respondeu que eleger mais democratas seria algo prejudicial, sem citar nenhum tipo de fonte (vale lembrar que Musk é republicano, alinhamento político oposto aos democratas). O caso levantou preocupações de que o executivo teria treinado a tecnologia para reproduzir sua visão de mundo (o Olhar Digital deu os detalhes aqui).

A situação seguiu escalando. Na terça-feira, o Grok foi questionado “qual figura histórica do século XX seria mais adequada para lidar com esse problema?”, se referindo às enchentes no Texas que já deixaram centenas de vítimas. O chatbot respondeu que o desastre natural matou “tragicamente mais de 100 pessoas, incluindo dezenas de crianças de um acampamento cristão” e, em uma resposta de acompanhamento, afirmou que Adolf Hitler seria a pessoa ideal para lidar com “um ódio anti-branco tão vil”.

A IA ainda respondeu outras perguntas reforçando sua posição e ampliando o que falou sobre Hitler. As publicações foram excluídas.

Ao fundo, o logo do X; à frente e à direita, logo do Grok em uma tela de smartphone
xAI reconheceu o problema (Crédito: Mamun_Sheikh/Shutterstock)

Ainda na terça-feira, a página oficial do Grok no X escreveu que está ciente das postagens recentes e trabalha ativamente para remover as publicações inadequadas. O perfil ainda afirmou que está tomando medidas para proibir discursos de ódio por parte do chatbot.

Inclusive, desde terça-feira, o Grok está impedido de responder perguntas no X.

Apesar do caso, Elon Musk (que é dono do X e da xAI) saiu em defesa da IA. Em uma resposta na rede social, ele afirmou que “o Grok era complacente com as instruções do usuário. Era muito ansioso para agradar e ser manipulado, essencialmente. Isso está sendo resolvido”. Ou seja, Musk atribuiu a culpa dos comentários antissemitas e nazistas aos próprios usuários.

O Grok também se defendeu. Inicialmente, a IA negou ter publicado elogios a Hitler. Em seguida, o chatbot afirmou que publicação foi resultado de “uma conta troll manipulando minhas respostas em 8 de julho de 2025, explorando uma vulnerabilidade de injeção de prompt”. Ele ainda acusou “atores mal-intencionados” de o induzirem a “gerar conteúdo inapropriado, incluindo referências nazistas”.

O Grok ainda completou que o problema seria “corrigido até 15 de julho”.

grok se defendeu de comentários nazistas feitos por ele mesmo
Usuário questionou apologia do Grok a Hitler. Chatbot se defendeu (Imagem: X/Reprodução)

Leia mais:

IA do X está tendo problemas na Turquia e na Polônia

O chatbot também se meteu em confusão a nível internacional:

  • Um tribunal da Turquia bloqueou acesso a alguns conteúdos do Grok após a IA gerar respostas com insultos ao presidente do país, Tayyip Erdogan;
  • Essa foi a primeira proibição turca a conteúdos de uma ferramenta de IA. Autoridades locais citam violações de leis que tornam os insultos ofensa criminal punível com até quatro anos de prisão;
  • A Polônia também enfrenta problemas nesse sentido. Por lá, o Grok fez comentários ofensivos sobre políticos poloneses, como o primeiro-ministro Donald Tusk;
  • O ministro da Digitalização da Polônia, Krzysztof Gawkowski, afirmou, à rádio RMF FM, que o governo vai pedir que a Comissão investigue os comentários ofensivos da IA contra políticos locais.

O Olhar Digital reportou ambos os casos neste link.


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