90% nunca são publicadas, diz estudo

Estudo aponta falhas de visibilidade e consenso no sistema de verificação colaborativa lançado por Elon Musk na rede social

Imagem: Hadrian / Shutterstock

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Um estudo do Instituto de Democracia Digital das Américas (DDIA) revelou que mais de 90% das Notas da Comunidade do X (antigo Twitter) nunca são publicadas, levantando dúvidas sobre a eficácia do sistema como ferramenta de verificação colaborativa.

A pesquisa analisou 1,76 milhão de notas produzidas entre janeiro de 2021 e março de 2025.

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Desinformação corre solta da rede social de Musk, enquanto as Notas da Comunidade travam nos bastidores (Imagem: kovop / Shutterstock.com)

Como uma nota é publicada na plataforma

  • O sistema permite que voluntários adicionem contexto ou correções a postagens.
  • Outras pessoas então classificam essas notas como “úteis” ou “não úteis”.
  • Para que uma nota seja publicada, é necessário que ela seja avaliada como útil por um número suficiente de usuários com diferentes perspectivas.
  • No entanto, a maior parte das notas acaba sem consenso ou nem chega a ser avaliada, ficando invisível ao público.

A taxa de publicação das notas em inglês caiu de 9,5% em 2023 para apenas 4,9% em 2025. Em espanhol, o índice subiu de 3,6% para 7,1%. O estudo aponta que, com o aumento de colaboradores, o gargalo de visibilidade se tornou mais evidente, com milhares de notas nunca visualizadas ou classificadas.

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Baixa taxa de publicação e lentidão evidenciam gargalos em sistema que prometia transparência e agilidade contra desinformação (Imagem: agbstock / Shutterstock.com)

Leia mais:

Uma conta automatizada dedicada a denunciar golpes com criptomoedas foi identificada como a maior colaboradora em inglês, com mais de 43 mil notas — apenas 3,1% delas foram publicadas.

O tempo médio para a publicação de uma nota caiu de mais de 100 dias em 2022 para 14 dias em 2025, mas ainda é considerado inadequado diante da velocidade com que a desinformação se espalha online.

Modelo demonstra ineficácia

Apesar de mostrar algum potencial, o modelo enfrenta críticas por sua lentidão, baixa taxa de publicação e possível viés político.

A plataforma implantou o sistema durante a gestão de Linda Yaccarino, que renunciou ao cargo de CEO na mesma semana em que o chatbot Grok se envolveu em uma polêmica por publicar conteúdo antissemita e ofensivo.

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Sistema que deveria corrigir postagens com informações falsas falha por excesso de burocracia e falta de visibilidade (Imagem: Koshiro K/Shutterstock)


Leandro Costa Criscuolo

Colaboração para o Olhar Digital

Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.

Bruno Capozzi

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.


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