Pesquisadores desenvolveram um método para identificar “bolhas de plasma” na atmosfera terrestre — fenômeno que intriga a comunidade cientifica há anos. Essas formações podem interferir no sinal de GPS de aeronaves e nas ondas de rádio, representando risco de falha nas comunicações terrestres e, em casos extremos, podendo causar acidentes aéreos.
Esse fenômeno é conhecido tecnicamente como Bolhas de Plasma Equatoriais (EPBs). Elas estão presentas na ionosfera, camada acima de 50 quilômetros da superfície terrestre, onde a radiação solar retira elétrons dos gases atmosféricos em um processo chamado ionização.
As EPBs são buracos invisíveis na ionosfera que se formam após o pôr do Sol, quando a ionização para repentinamente. Elas se formam no equador magnético, uma linha imaginária onde o campo magnético da Terra fica na horizontal. Diferente do equador geográfico, esse traço não é reto, mas tem pequenos desvios em suas anomalias.
Segundo um estudo de 2014, as EPBs também têm temporadas de alto aparecimento, como de fevereiro a abril e de agosto a outubro no norte da Austrália. O tamanho das bolhas vária entre 10 a 100km de diâmetro, mesmo assim, sua detecção e rastreamento são desafios para os cientistas.
Uma pesquisa de 2024 revelou que o sistema de GPS utilizados por aviões é propenso a interferência das EPBs, o que pode fazê-lo mudar de rota e voar fora de curso. Os pesquisadores alertaram que as chances de colisão ou acidente são mínimas, mas não desprezíveis.
Leia mais:
Na busca por evitar os problemas gerados por EPBs, pesquisadores da Universidade de Beijing, na China, desenvolveram um método para identificar as bolhas. A equipe percebeu que após a formação de uma EPB, aparecem brilhos aéreos — luzes cintilantes parecidas com auroras que surgem quando o plasma da ionosfera esfria a noite e se recombina em gases, liberando energia e emitindo luz.
O estudo, publicado na revista Space Weather, revela que as bolhas alteram a aparência dessas luzes quando se formam acima delas. O grupo treinou programas de aprendizado de maquina com uma década de fotografias de brilhos aéreos captados pela Estação Qujing, no sul da China. Esse sistema foi capaz de detectar e medir as bolhas corretamente 88% das vezes.
No entanto, os pesquisadores destacaram que o método tem limitações. Em condições climáticas severas, o sistema pode ser impreciso e não identificar as bolhas. Também não é garantido que os brilhos aéreos se formem, principalmente em períodos do ano com atividade solar reduzida, algo que inviabiliza a técnica.
Agora, a equipe planeja aprimorar o método para expandi-lo além da Ásia, integrando ao sistema de aprendizado de máquina as características específicas das bolhas de outras regiões do globo. Por enquanto, a nova técnica já pode funcionar como um sistema de alerta preliminar, com potencial para evitar falhas em telecomunicações e até acidentes aéreos.