Luto e desemprego afetam o cérebro e aumentam risco de Alzheimer, diz pesquisa

Estudo revela o impacto de estresse e perdas pessoais em marcadores precoces da doença

Imagem: Orawan Pattarawimonchai/Shutterstock

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Eventos estressantes da vida, como luto, desemprego e perdas financeiras, podem impactar negativamente a saúde do cérebro e aumentar a vulnerabilidade à doença de Alzheimer.

Essa é a conclusão de um estudo conduzido pelo Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal) e pelo Centro de Pesquisa Cerebral Barcelonaβeta (BBRC), publicado na revista Neurology.

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Pesquisa mostra que impactos no cérebro variam conforme gênero e escolaridade (Imagem: Antonio Marca/Shutterstock)

Descobertas do estudo

  • A pesquisa analisou 1.200 participantes da coorte ALFA — indivíduos cognitivamente saudáveis, mas com histórico familiar de Alzheimer.
  • Por meio de ressonância magnética e análise de biomarcadores no líquido cefalorraquidiano, os cientistas identificaram associações entre estresse e alterações cerebrais relacionadas à doença.
  • O luto pela perda de um parceiro foi ligado a alterações precoces nos biomarcadores de Alzheimer.
  • Homens mostraram uma redução significativa na proporção beta-amiloide 42/40, um indicador de deposição da proteína no cérebro.
  • Já mulheres apresentaram níveis mais altos de tau fosforilada e neurogranina, proteínas associadas a danos e perda de conexões neuronais. Esses efeitos foram mais acentuados em pessoas com menor escolaridade.

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Maior vulnerabilidade foi identificada em mulheres e pessoas com menor nível educacional (Imagem: SewCreamStudio/Shutterstock)

Problemas socioeconômicos geram efeitos ao cérebro

Por sua vez, o desemprego e as perdas econômicas se correlacionaram com a redução do volume da substância cinzenta em áreas do cérebro ligadas à regulação emocional e cognitiva.

Homens foram mais afetados pelo desemprego, enquanto mulheres mostraram maior impacto com dificuldades financeiras — uma diferença possivelmente relacionada a fatores socioculturais como estigma, segurança econômica e redes de apoio.

O estudo reforça que desigualdades sociais — especialmente gênero e nível educacional — influenciam a exposição e os efeitos de estressores ao longo da vida, contribuindo para o risco desigual de Alzheimer.

Os pesquisadores defendem que políticas públicas de apoio emocional, estabilidade econômica e educação ao longo da vida podem ser aliadas na prevenção da doença.

Perdas emocionais e econômicas alteram regiões cerebrais ligadas ao Alzheimer (Imagem: Atthapon Raksthaput/Shutterstock)


Leandro Costa Criscuolo

Colaboração para o Olhar Digital

Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.

Bruno Capozzi

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.


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