Não é apenas Mercúrio que passa pelo fenômeno popularmente chamado de “movimento retrógrado” (embora seja o mais falado, já que é o planeta que fica retrógrado mais vezes por ter a órbita mais curta em torno do Sol). E no mês que se inicia esta semana, isso vai acontecer com dois outros mundos do Sistema Solar: Netuno e Saturno.
Quando se diz que um planeta entrou em movimento retrógrado, isso significa que ele está começando um processo pelo qual seu trânsito normal para o leste através do céu é interrompido, mudando a trajetória para oeste. Por sua vez, quando a direção habitual é retomada, costuma-se dizer que o planeta terminou o movimento retrógrado (ou saiu dele).
Para a astronomia, no entanto, a designação mais adequada, no caso dos planetas mais distantes do Sol que a Terra, é “laço” retrógrado – porque, durante o curso percorrido, o objeto em questão parece formar um laço no céu.
De acordo com o guia de orientação astronômica In-The-Sky.org, a inversão de direção de Netuno começa às 18h30 (pelo horário de Brasília) desta sexta-feira (4). Ele, então, retoma o sentido normal no dia 10 de dezembro.
Já o movimento retrógrado de Saturno, segundo a plataforma, se inicia à 1h00 da manhã do dia 13 (daqui a dois domingos), com o planeta dos anéis voltando ao trânsito regular em 28 de novembro.

“Movimento retrógrado” dos planetas é ilusório
Essa inversão de direção é um fenômeno pelo qual todos os planetas do Sistema Solar passam periodicamente. No caso daqueles cujas órbitas são mais externas que a da Terra (Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno), isso se dá poucos meses depois de passarem pela oposição, que é quando eles estão do lado oposto do Sol em relação ao nosso planeta (que fica entre os dois corpos celestes).
O colunista do Olhar Digital Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA), membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB) e diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (BRAMON), explica que o “movimento retrógrado” dos planetas é apenas ilusório e é causado pelo curso da Terra em torno do Sol.

Segundo Zurita, à medida que ela circunda o astro, nossa perspectiva muda, e isso faz com que as posições aparentes dos objetos celestes se alterem de um lado para o outro no céu, o que se sobrepõe ao movimento de longo prazo do planeta em direção ao leste através das constelações.
“Por estar em uma órbita mais interna e, consequentemente, mais rápida, a Terra ultrapassa Netuno a cada 13 meses, aproximadamente. No caso de Saturno, o período é de 12 meses e meio, mais ou menos. Quando isso acontece, os planetas parecem estar caminhando no sentido contrário no céu”, descreveu. Quanto mais longe do Sol, mais tempo um planeta fica retrógrado.
A animação abaixo ilustra isso, com a flecha mostrando a linha de visão da Terra para um planeta, e o diagrama à direita mostrando o aparentemente movimento do objeto através do céu pela nossa perspectiva de visão.

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Sabia que os planetas não giram ao redor do Sol?
Talvez você tenha sido enganado esse tempo todo com a ideia de que a Terra e os demais planetas do Sistema Solar giram ao redor do Sol – mas, calma, isso não significa que as escolas estão ensinando errado.
Na verdade, essa é uma forma de tentar facilitar a compreensão. O Universo é um pouco mais complicado, e a física que rege esses movimentos é cheia de detalhes fascinantes. Clique aqui para entender direitinho essa história.