Voepass fez 2,6 mil voos com aviões sem manutenção adequada

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) determinou que a companhia área não pode mais realizar o transporte aéreo de passageiros

Imagem: Miguel Lagoa/Shutterstock

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O acidente aéreo em Vinhedo, São Paulo, que matou 62 pessoas em agosto do ano passado, motivou uma maior fiscalização das operações da companhia aérea Voepass. Mesmo assim, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) apontou que a empresa continuou descumprindo as normas de segurança dos voos.

Em reunião realizada nesta semana, a entidade confirmou a cassação, em definitivo, do Certificado de Operador Aéreo (COA) da Voepass. Isso significa que a companhia área não pode mais realizar o transporte aéreo de passageiros. Não é possível recorrer da decisão.

Painel de informações da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), em Brasília (DF)
Anac decidiu cassar licença para operação da companhia aérea (Imagem: rafastockbr/Shutterstock)

Voepass deixou de cumprir inspeções obrigatórias

Segundo informações do G1, o relator do processo na Anac, diretor Luiz Ricardo Nascimento, destacou que foi constatado um sistemático descumprimento de procedimentos operacionais pela empresa. No total, foram 2.687 voos realizados com aviões sem manutenção adequada.

Tal comportamento, de continuidade de conduta infracional, não era de forma alguma esperado para um operador regular após a ocorrência de grave acidente com uma de suas aeronaves, pois a tal fato espera-se suceder o aumento do nível de alerta de empresa como um todo, uma maior diligência na execução dos procedimentos de manutenção, e um reforço em seus sistema que visava a proteção aos voos.

Luiz Ricardo Nascimento, diretor da Anac

ATR-72 em voo
Voepass é formada pela Passaredo Transportes Aéreos e pela Map Linhas Aéreas (Imagem: divulgação/Voepass)

Nascimento ainda afirmou que a companhia aérea deixou de cumprir, reiteradamente, inspeções obrigatórias após a tragédia em Vinhedo. A não realização destes trabalhos aumentam as chances de ocorrências de falhas, mau funcionamento ou defeitos, ameaçando a operação segura dos voos.

Em nota, o Ministério dos Portos e Aeroportos disse que “a medida mostra o compromisso da agência pela preservação do serviço aéreo no país, garantindo segurança da operação ao usuário”. A Voepass atendia 16 destinos em voos comerciais.

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Destroços de avião que caiu em Vinhedo
Acidente com avião da Voepass em Vinhedo matou todos a bordo (Imagem: SSP-SP)

Voepass aérea não conseguiu solucionar problemas

  • A operação de voos da empresa já estava suspensa desde 11 de março.
  • Após o acidente em Vinhedo, servidores da Anac estiveram nas bases de operação e manutenção da Voepass para verificar as condições necessárias para garantir nível adequado de segurança nas operações aéreas.
  • Ainda em outubro de 2024, foram exigidas “medidas como redução da malha, aumento do tempo de solo das aeronaves com vistas à manutenção, troca de administradores e execução do plano de ações para as correções das irregularidades”.
  • No entanto, segundo a agência, a companhia aérea não foi capaz de resolver os problemas identificados.
  • Durante a última reunião, o advogado da Voepass, Gustavo de Albuquerque, defendeu que a cassação do COA pode significar uma “pena perpétua” para a empresa.


Alessandro Di Lorenzo

Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.


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