Pode não parecer, mas já se passaram quase três anos desde que as primeiras imagens do Telescópio Espacial James Webb (JWST) foram divulgadas. Desde então, o instrumento tem realizado inúmeras descobertas. Nesta quarta-feira (25), porém, uma das mais importantes pode ter sido anunciada: um exoplaneta inédito, o primeiro identificado diretamente pelo telescópio.
Batizado de TWA 7b, o exoplaneta era até então hipotético – ou seja, nunca havia sido confirmado oficialmente até ser registrado de forma direta pelo James Webb. Ele também possui a menor massa entre todos os planetas fotografados fora do Sistema Solar e é o primeiro do tipo detectado pelo JWST.
O TWA 7b é um gigante gasoso com tamanho comparável ao de Saturno e está localizado nos anéis de detritos que circundam a estrela CE Antliae, também conhecida como TWA 7, a cerca de 111 anos-luz da Terra.
Um sistema solar curioso
O sistema CE Antliae foi descoberto em 1999 e, desde então, tem despertado grande interesse entre astrônomos. Sua estrela, por exemplo, é considerada muito jovem, com pouco mais de 6 milhões de anos. Em comparação, o Sol tem 4,6 bilhões de anos.
Outro destaque do sistema é sua posição: como está “abaixo” da Terra, é possível observar seu disco de detritos de cima, proporcionando uma visão única desse tipo de formação.
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Segundo a pesquisa publicada na Nature, esse tipo de disco de detritos frequentemente apresenta “buracos”, que indicam uma possível interação entre um exoplaneta e as rochas do disco. Até então, nenhum astro nessas condições havia sido registrado oficialmente.
“Isso nos diz que, de fato, planetas podem formar lacunas em discos (o que foi teorizado, mas não observado) e estruturas semelhantes a troianos podem realmente estar presentes em sistemas exoplanetários”, disse à Live Science a principal autora do estudo, Anne-Marie Lagrange, astrônoma e diretora de pesquisa do Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica (CNRS) em Paris.
Como o James Webb descobriu o exoplaneta?
Apesar de a interação entre planetas e discos de detritos já ter sido prevista, nenhum exoplaneta com essas características havia sido observado antes do James Webb. Essa observação só foi possível por conta do Instrumento de Infravermelho Médio (MIRI) do telescópio, usado pela equipe para procurar planetas ao redor da estrela e detectou o TWA 7b. “Com sua orientação polar, este disco de detritos de três anéis é ideal para essa detecção”, afirma o estudo.

Uma das dificuldades no processo de obtenção de imagens diretas de exoplanetas é evitar que eles sejam ofuscados por suas estrelas. No caso do JWST, ele está equipado com um coronógrafo, que bloqueia a luz das estrelas centrais, permitindo a detecção de radiação infravermelha.
Os pesquisadores ainda pretendem estudar o sistema mais a fundo, buscando “mais dados para analisar a atmosfera do TWA 7b, procurar outros planetas jovens, leves e frios nas imagens” e “investigar planetas massivos, antigos e frios”. Aliás, o JWST tem potencial para encontrar planetas com massa ainda menor.