Tomar um medicamento fora da validade é uma prática mais comum do que se imagina. Muitas pessoas só percebem que o remédio venceu justamente no momento em que precisam dele e, na dúvida, acabam consumindo mesmo assim. Mas será que essa atitude representa um risco real à saúde?
Neste artigo, vamos explicar os perigos de utilizar medicamentos vencidos e dar orientações importantes sobre como armazená-los corretamente e como fazer o descarte seguro desses produtos.
Quais os riscos de tomar remédio vencido?
Consumir medicamentos fora do prazo de validade pode trazer uma série de consequências, que vão desde a ineficácia no tratamento até reações adversas graves. A seguir, veja os principais riscos apontados pelos especialistas.
Eficácia reduzida
Segundo a farmacêutica Raiza Borges, da Farmácia Artesanal em Brasília, em entrevista ao portal Metrópoles, o risco mais frequente é a perda de eficácia. Isso significa que o medicamento pode simplesmente não surtir o efeito desejado, prolongando os sintomas ou agravando a doença.
Isso é especialmente preocupante em casos de antibióticos, onde a falta de eficácia pode resultar em resistência bacteriana.
Alterações químicas
Com o tempo, os componentes químicos do medicamento podem sofrer alterações, especialmente quando o produto é exposto a condições inadequadas de armazenamento, como calor e umidade.
De acordo com o clínico geral Paulo Camiz, professor da USP e do Hospital das Clínicas de São Paulo, ao portal Metrópoles, essas reações químicas podem tornar o medicamento instável ou até gerar substâncias tóxicas.
Toxicidade
Embora menos comum, há casos em que medicamentos vencidos podem se tornar tóxicos. Um exemplo citado frequentemente pela literatura médica são os antibióticos à base de tetraciclina, que, após o vencimento, podem causar danos renais.

Contaminação
Medicamentos em forma líquida, como xaropes, colírios e soluções injetáveis, apresentam risco maior de contaminação por fungos ou bactérias depois de vencidos, mesmo que estejam aparentemente íntegros.
Reações adversas inesperadas
A degradação dos componentes químicos pode gerar reações adversas que o medicamento, dentro da validade, normalmente não causaria. A instabilidade química também dificulta prever quais efeitos o remédio terá no organismo.
O que um remédio vencido pode fazer no corpo?
O efeito de um medicamento vencido no organismo depende de vários fatores: o tipo de medicamento, o tempo de vencimento, as condições de armazenamento e a saúde geral do paciente.

O risco mais imediato é o tratamento ineficaz, o que pode ser perigoso no caso de infecções, problemas cardiovasculares ou doenças crônicas. Além disso, os especialistas alertam para possíveis intoxicações, irritações gástricas e reações alérgicas.
Raiza Borges destaca que alterações de cor, cheiro e textura são sinais claros de que o medicamento já sofreu degradação. Mesmo que não haja mudanças visíveis, o risco permanece. Raiza explica que o prazo de validade é definido após testes rigorosos de estabilidade e segurança. Após essa data, não há garantias sobre os efeitos do produto.
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O armazenamento adequado dos medicamentos é essencial para garantir sua eficácia até a data de validade. A farmacêutica recomenda mantê-los em locais secos, arejados e protegidos da luz direta. Banheiros e cozinhas, por exemplo, não são locais indicados devido à umidade e variações de temperatura.

Certos medicamentos têm exigências específicas: alguns precisam ser refrigerados, enquanto outros devem permanecer em temperatura ambiente. Também é importante respeitar o prazo de validade após a abertura de certos produtos, como insulinas, que têm um tempo limitado de uso após rompida a embalagem.
Quando o medicamento estiver vencido, o descarte deve ser feito de forma segura. Jogar no lixo comum ou na pia pode contaminar o solo e a água. A orientação é procurar farmácias e postos de saúde que possuam pontos de coleta para descarte de medicamentos – popularmente conhecidos como papa-pílulas.
Caso haja dúvidas, o ideal é consultar um farmacêutico. Além de esclarecer sobre a validade, esses profissionais podem orientar quanto ao descarte correto.
As informações presentes neste texto têm caráter informativo e não substituem a orientação de profissionais de saúde. Consulte um médico ou especialista para avaliar o seu caso.