Conheça a origem do Dia Mundial do Asteroide

Todas as sextas-feiras, ao vivo, a partir das 21h (pelo horário de Brasília), vai ao ar o Programa Olhar Espacial, no canal do Olhar Digital no YouTube. O episódio da última sexta-feira (20) (que você confere aqui) repercutiu história do Asteroid Day – a data que é um marco da conscientização pública sobre o estudo dos asteroides e a importância de defender a Terra de possíveis colisões futuras.

O Coordenador Global de Eventos do Asteroid Day, Saulo Machado, contou os eventos que deram origem à data e como a celebração chegou ao Brasil. Apaixonado por astronomia e divulgação científica, Machado trabalha como administrador de empresas em Fortaleza, Ceará, é o fundador do Grupo de Apoio a Eventos Astronômicos (GaeA) e organiza eventos do Dia do Asteroide em observatórios, planetários e grupos de astronomia por todo o país.

Saulo Machado foi o convidado desta sexta-feira (20) do Programa Olhar Espacial. (Imagem: Arquivo Pessoal)

Impacto alertou o mundo

Em 2013, um meteoro atingiu a cidade de Chelyabinsk, na Rússia, e chocou o mundo. “Foi um impacto bem significativo. Era um asteroide com cerca de 18 metros de diâmetro, que explodiu a aproximadamente 30 quilômetros acima da superfície com energia equivalente a 33 bombas de Hiroshima”, explicou Marcelo Zurita, astrônomo e apresentador do Olhar Espacial.

Milhões de fragmentos se espalharam pela cidade. A explosão sônica quebrou vidraças, derrubou paredes e resultou em um estrago na ordem de 30 milhões de dólares. Vídeos do desastre rodaram o globo por meio das redes sociais.

Foi após este evento que o cineasta Grigorij Richters decidiu mudar o rumo de seu filme sobre a queda de um asteroide em Londres. Ele chamou o doutor em astrofísica e guitarrista do Queen, Brian May, para ser seu consultor cientifico e compor a trilha sonora do longa-metragem. A produção foi aos cinemas com o nome de 51 Degrees North (51 graus norte, uma referência à longitude da capital inglesa no sistema de coordenadas).

A apresentação do filme ocorreu em 2014, no evento Starmus – uma celebração que junta astronomia e música, criada por Brian May. Durante as gravações e nas conversas da exibição, a dupla concebeu a ideia de uma data para conscientizar sobre o perigo da queda de asteroides.

Richters e May entraram então em contato com a Fundação B612, um grupo de cientistas dedicado a proteger a Terra do possível impacto de objetos espaciais. A instituição deu as diretrizes, montou o painel de especialistas e juntos programaram para três de dezembro de 2014 uma coletiva de imprensa a fim de anunciar o Asteroid Day.

Meteoro de Chelyabinsk rasgou os céus com um rastro luminoso até atingir o solo. (Imagem: Tuvix/Youtube)

30/06: uma data a ser lembrada

Durante o evento de laçamento, a equipe de especialistas definiu três objetivos:

  • Empregar a tecnologia disponível para detectar e rastrear objetos espaciais próximos à Terra, por meio da colaboração entre governos, entidades privadas e organizações filantrópicas
  • Aumentar em 100 vezes a taxa de descoberta de asteroides potencialmente perigosos, visando detectar e rastrear 100.000 corpos espaciais próximos da Terra por ano dentro de dez anos
  • Adotar globalmente o Dia do Asteroide em 30 de junho.

A escolha do dia 30 de junho é uma referência ao evento de Tunguska de 1908, quando um meteoro atingiu a região de mesmo nome na Sibéria, Rússia, e destruiu o ambiente ao redor. “Foram 2150 quilômetros quadrados de floresta devastada na região de Tunguska. Caberia toda a cidade de São Paulo nesta área e sobraria espaço”, explicou Zurita.

Estações sísmicas na Europa puderam detectar os tremores, que foram equivalentes a um terremoto de magnitude 5 na escala Richter. As flutuações na pressão atmosférica foram fortes o suficiente para serem captadas da Grã-Bretanha.

Apenas três pessoas morreram, mas os estragos para as populações ao redor foi gigante. Ele foi considerado o maior impacto terrestre na história recente. Por isso, a data foi selecionada para haver conscientização sobre os impactos que a queda de um asteroide pode ter em populações próximas da zona de risco e para toda a humanidade.

Árvores derrubadas e queimadas após o impacto do asteroide em Tunguska, na Sibéria, em 1908 (Imagem: Leonid Kulik)

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Como o evento chegou ao Brasil?

Após a coletiva de imprensa de dezembro de 2014, a dupla definiu a primeira comemoração do Asteroid Day para junho de 2015. Diversos grupos internacionais aderiram ao projeto, totalizando cerca de 90 eventos ao redor do mundo.

No Brasil, o Núcleo de Estudo e Observação Astronômica José Brazilício de Souza, em Florianópolis, foi pioneiro em comemorar a data. O grupo foi o único a realizar um evento em terras nacionais no ano de lançamento.

O número de eventos cresceu em 2016, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu o dia 30 de junho como o Dia Internacional do Asteroide. “Isso deu uma projeção inigualável para o Asteroid Day. O Richters começou a buscar coordenadores nacionais em diversos países para ampliar o número de eventos em todo o mundo”, disse Machado.

Em 2017, o número de comemorações em solo nacional teve um aumento expressivo. “Foram quase 400 eventos no mundo e 114 no Brasil. Começamos com um, foi para três e pulou para 114”, comentou o coordenador. 

Em 2024, a quantidade notável de comemorações se manteve e o Brasil foi pelo oitavo ano seguido o país com maior número de eventos do Asteroid Day no mundo. Além disso, foi também o primeiro a superar a marca de 300 eventos em apenas um ano.

Agora, Saulo incentiva a elaboração de eventos e atividades ligadas ao Dia do Asteroide. No site oficial da instituição, é possível encontrar materiais didáticos, como modelos em 3D dos asteroides e cartazes informativos. Para o futuro, o coordenador espera um mundo mais consciente acerca do perigo da queda desses objetos e da importância da defesa planetária. 

“Nossa intenção é conseguir cada vez mais adesões para que asteroides e defesa planetária possam ser assuntos que uma família converse na mesa do jantar”, concluiu Machado.


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