Há alguns dias, vem sendo possível notar a ausência de Júpiter na paisagem celeste noturna. Desde a última semana, por exemplo, o gigante gasoso só é visto durante alguns minutos após o pôr do Sol, já bem perto da linha do horizonte.
Ele está se aproximando de um momento chamado pelos astrônomos de conjunção solar, a partir do qual vai “desaparecer” por completo do céu noturno, mergulhando no brilho solar por algumas semanas.
Durante sua aproximação máxima com o Sol, Júpiter vai estar a 0°08′ de distância do astro, o que vai acontecer nesta terça-feira (24) às 12h05 (pelo horário de Brasília) – de acordo com o guia de observação astronômica InTheSky.org.
Segundo Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA), membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (BRAMON) e colunista do Olhar Digital, isso ocorre uma vez em cada ciclo sinodal do planeta, que é o período necessário para um corpo planetário chegar à mesma posição relativa ao Sol, quando observado a partir da Terra – que no caso de Júpiter é de 399 dias.
“Júpiter deve reaparecer no céu em julho, no final da madrugada, na direção leste. No dia 12 de agosto, o gigante gasoso estará em uma conjunção muito próxima com Vênus”, explica Zurita. “A partir daí, a cada noite, ele vai estar mais alto no céu, até sua próxima oposição, que será em 10 de janeiro de 2026”.
Dois dias depois de sua aproximação máxima com o Sol, Júpiter passará pelo apogeu – seu ponto mais longe da Terra – atingindo uma distância de 6,16 Unidades Astronômicas (UA) do nosso planeta, ou seja, mais de seis vezes a distância entre nós e o Sol, que é de aproximadamente 150 milhões de km. Isso significa que ele estará a cerca de 924 milhões de km daqui.

Júpiter já foi duas vezes maior
Um artigo publicado mês passado na revista Nature Astronomy traz informações surpreendentes sobre o maior planeta do Sistema Solar. O estudo revela como Júpiter influenciou a formação dos outros planetas, agindo como um verdadeiro “arquiteto” cósmico ao moldar suas órbitas e reorganizar o disco de gás e poeira ao redor do Sol.
A pesquisa foi conduzida pelos cientistas Konstantin Batygin, do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), e Fred Adams, da Universidade de Michigan, ambos nos EUA. Eles analisaram como Júpiter era cerca de 3,8 milhões de anos após o surgimento dos primeiros materiais sólidos no espaço em torno do Sol, em um momento em que a chamada nebulosa protoplanetária estava desaparecendo. Saiba mais aqui.

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Supertelescópio revela as primeiras imagens do mapa mais completo do céu
Nesta segunda-feira (23), foram divulgadas as primeiras imagens feitas pelo Observatório Vera C. Rubin, um “supertelescópio” localizado no cume da montanha Cerro Pachón, no deserto do Atacama, a cerca de 565 km ao norte de Santiago, no Chile.
A instalação abriga a maior câmera digital do mundo. Com incríveis 3.200 megapixels, ela tem o tamanho de um carro, pesa mais de três toneladas e, a partir de agora, será responsável por fornecer o maior e mais completo “mapa do céu”. Clique aqui e confira registros espetaculares feitos durante a fase de comissionamento dessa ferramenta revolucionária.