Grafite era usado para maquiagem há 2.700 anos no Irã

Segundo pesquisadores, a inclusão do grafite permitia um maior brilho para delinear os olhos e uma melhor aplicação na pele

Imagem: RHJPhtotos/Shutterstock

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Um enterro de 2.700 anos em Kani Koter, no noroeste do atual Irã, revela o uso mais antigo conhecido de grafite para maquiagem. No local, foi encontrado um vaso de cerâmica cheio de pó preto feito de manganês e grafite natural.

De acordo com os pesquisadores responsáveis pela descoberta, era comum a mistura de ingredientes para a formação do chamado kohl, uma maquiagem para os olhos bastante utilizada no passado. No entanto, o exemplar localizado é diferente das formulações conhecidas até então.

População da região usou o grafite disponível para criar a própria maquiagem (Imagem: pointbreak/Shutterstock)

Descoberta sugere adaptação da população aos recursos disponíveis

  • Embora o kohl fosse comum no antigo Egito e no Oriente Médio, esta é a primeira evidência de uma versão baseada em grafite usada no Irã.
  • Análises confirmaram que a cor preta do pó é resultado de uma mistura de óxidos de manganês e grafite natural.
  • Esses minerais foram esmagados e combinados para formar um pigmento fino, provavelmente aplicado ao redor dos olhos.
  • No Egito, a maquiagem dos olhos geralmente continha compostos à base de chumbo ou negro de fumo.
  • Já a amostra de Kani Koter dependia de minerais disponíveis nas montanhas Zagros, ricos em manganês e grafite.
  • As descobertas foram descritas em estudo publicado na revista Archaeometry.

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Representação mostra como seria o uso do kohl para delinear os olhos (Imagem: snova.mir/Shutterstock)

Grafite pode ter tido vantagens estéticas e funcionais

De acordo com os cientistas, a inclusão do grafite na mistura é particularmente importante. O brilho preto-prateado do mineral e a fácil aplicação o tornariam ideal para delinear os olhos, indicando a inovação e a adaptação da população aos recursos locais.

O uso da substância também pode ter tido vantagens estéticas e funcionais. Ela reflete a luz, dando à pele uma aparência cintilante, e adere facilmente à superfície quando aplicado. Essas propriedades o teriam tornado um ingrediente desejável na preparação cosmética, especialmente em contextos cerimoniais ou de elite.

Recipiente e aplicadores foram desenterrados na região (Imagem: Archaeometry)

O recipiente kohl e os aplicadores foram encontrados intactos, e a maquiagem foi preservada dentro de um recipiente. A descoberta sugere que as sociedades antigas do Oriente Médio desenvolveram suas próprias tradições de maquiagem.


Alessandro Di Lorenzo

Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.


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