Há quem os ame e há quem os odeie. Carros franceses costumam gerar os mais diversos sentimentos no público brasileiro. É verdade que muito desse preconceito vem de antigamente e algumas das reclamações não passavam de mitos. Mecânica complexa demais, alto custo de manutenção, embreagem alta…

Isso por si só renderia um texto exclusivo, mas o objetivo deste é um pouco diferente. Opiniões à parte, mas vamos tratar de fatos. E fato é que o Renault Clio foi um sucesso no mercado brasileiro. Tanto que concorreu com gigantes como o Gol, o Celta e o Palio, e teve uma produção que durou quase 20 anos por aqui.

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O Clio foi uma espécie de carro popular da Renault. E tem muita gente que lembra com saudade dessa época em que tínhamos carros populares no Brasil.

Mas será que eles eram baratos de verdade? Quanto custava um Clio no início dos anos 2000? E quanto era o salário mínimo naquela época? Será que o Clio era mais barato do que o seu substituto, o Kwid, é hoje em dia?

O Olhar Digital propõe uma volta no tempo e responde a algumas dessas perguntas utilizando a Calculadora do Cidadão, do Banco Central.

Relembre a trajetória do Clio

• Antes de falar sobre valores, acho bacana mostrar um pouco da história desse verdadeiro sucesso da Renault.
• Você pode até não gostar e achar feio, mas o Clio é um fenômeno na Europa até hoje: em 2024, por exemplo, mais de 240 mil unidades da sua nova geração foram vendidas.
• Segundo informa o site da própria montadora francesa, o Clio nasceu em 1990 e rapidamente caiu nas graças do público.
• Seu lançamento no Brasil ocorreu em 1996, com a importação de modelos que vinham da Argentina.
• O Clio passou a ser montado por aqui em 1999, na fábrica de São José dos Pinhais (PR).
• Foi essa geração, a segunda, que se tornou mais famosa em terras brasileiras.
• Ela chamava bastante a atenção por causa do seu bom acabamento – e do seu preço mais baixo.
• Ela também vinha com airbags dianteiros de série – isso mesmo na versão de entrada.
• O problema é que o Clio foi perdendo com o tempo o posto de compacto mais completo do mercado.
• E ele acabou ficando para trás de outros concorrentes, inclusive da Renault, que começou a dar mais atenção para o Sandero e o Logan.
• Em 2007, a produção do modelo voltou a acontecer na Argentina apenas.
• E, quase uma década depois, em 2016, o Clio saiu oficialmente de produção no continente.
• E a despedida dele foi bem melancólica, com apenas 43 emplacamentos naquele ano.

Mais caro do que você imagina

Apesar do fim triste, tem muita gente que se lembra com carinho do Clio. E acredito que essa saudade tenha a ver com o preço do hatch compacto.

Eu fiz uma pesquisa e encontrei o preço de lançamento do Clio RN em 2001. A matéria no jornal Folha de S.Paulo falava que o modelo vinha com motor 1.0 16V, mas sem nenhum opcional. O valor: R$ 19.490,00. Olhando para esses números, eu juro que sinto vontade de trocar de carro. Mas a gente sabe que esses 19 mil mudaram bastante com o passar do tempo.

Corrigindo esse valor pelo IPCA (o índice de inflação oficial do país), o Clio de 2001 custaria hoje R$ 83.599,15. Aí eu já perdi toda aquela vontade lá de cima…

Acreditem, mas, corrigido pela inflação, ele é mais caro até do que o seu sucessor. O preço do Renault Kwid hoje em dia parte de R$ 79.790 na versão Zen 1.0 e chega a R$ 86.590 na versão Outsider.

A conta fica ainda pior se levarmos em consideração o salário mínimo daquela época. Em 2001, o mínimo era de R$ 180. Ou seja, você precisava de 108 salários para comprar um Clio. Já para comprar o Kwid 2025, você precisa de 52 mínimos – levando em consideração o valor atual de R$ 1.518.

Ou seja, por mais impressionante que seja, podemos dizer que o Kwid atual é mais “popular” do que era o Clio em 2001. Melhor ainda: podemos dizer que essa história de carro “popular” nunca existiu de fato no país.

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