YouTube relaxa moderação de conteúdo pela ‘liberdade de expressão’

X, Meta e, agora, YouTube. Esses são exemplos de plataformas (e big techs) que mudaram suas políticas de moderação de conteúdo “em prol da liberdade de expressão”. No caso da Meta e do YouTube, o relaxamento do cerco ocorreu em paralelo ao retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos.

Diferente do X e da Meta, o YouTube não fez alarde sobre a mudança na moderação de conteúdo. A plataforma (do Google, diga-se) introduziu sua nova política em meados de dezembro de 2024 num material de treinamento analisado pelo New York Times, que revelou a informação nesta segunda-feira (09).

O que mudou na moderação de conteúdo no YouTube

Para vídeos considerados de interesse público, o YouTube elevou o limite para a quantidade de conteúdo ofensivo permitido para metade – antes, era um quarto do vídeo.

Além disso, a plataforma encorajou os moderadores a manter esses vídeos no ar. Entram aqui, por exemplo: reuniões em câmaras municipais, comícios de campanha e conversas políticas.

À frente, logo do YouTube em um smartphone; atrás, página do YouTube em um notebook
YouTube expandiu isenção para vídeos com conteúdo ofensivo e/ou desinformativo (Imagem: Algi Febri Sugita/Shutterstock)

Essas isenções expandidas podem beneficiar comentaristas políticos cujos vídeos longos misturam cobertura jornalística com opiniões e alegações sobre diversos tópicos, apontou o jornal.

  • A política também ajuda a plataforma do Google a evitar ataques de políticos e ativistas frustrados com o tratamento dado aos seus conteúdos.

Com a mudança de política, o YouTube entrou para o grupo de plataformas sociais dos EUA que recuaram seus esforços para policiar o discurso online.

Montagem com fotos de Elon Musk e Mark Zuckerberg durante evento
Elon Musk, no X, e Mark Zuckerberg, nas plataformas da Meta, transferiram moderação de conteúdo para usuários (Imagens: Frederic Legrand/Shutterstock)

Vale lembrar: em janeiro, a Meta encerrou seu programa de verificação de fatos em postagens. A big tech de Mark Zuckerberg se inspirou no X, de Elon Musk: transferiu a responsabilidade de moderar conteúdo para os usuários.

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É ou não é sobre liberdade de expressão? Confira os lados desta discussão

Críticos ouvidos pelo jornal dizem que mudanças deste tipo contribuem para a rápida disseminação de alegações falsas. Além disso, podem aumentar marés de discurso de ódio na internet.

Imran Ahmed, diretor executivo do Center for Countering Digital Hate, disse ao jornal que essas mudanças beneficiam as empresas ao reduzir os custos de moderação de conteúdo, enquanto mantêm mais conteúdo online para engajamento dos usuários.

“Isso não é sobre liberdade de expressão”, disse Ahmed. “É sobre publicidade, amplificação e, em última instância, lucros.”

Logo do YouTube ao fundo e desfocado, com uma mão segurando um controle remoto à frente
Críticos dizem que mudanças no YouTube ajudam disseminação de desinformação e discurso de ódio; empresa diz que atualiza diretrizes conforme mudanças no interesse público (Imagem: Funstock/Shutterstock)

Já Nicole Bell, porta-voz do YouTube, disse ao jornal que a plataforma atualiza continuamente suas diretrizes para moderadores de conteúdo sobre tópicos que surgem no discurso público.

Nicole também explicou que o YouTube aposenta políticas que não fazem mais sentido e fortalece políticas quando necessário – por exemplo, quando proibiu conteúdo que direciona pessoas para sites de apostas (isso ocorreu em 2025).

Reconhecendo que a definição de ‘interesse público’ está sempre evoluindo, atualizamos nossas diretrizes para essas exceções para refletir os novos tipos de discussão que vemos na plataforma hoje“, disse a porta-voz.

Nicole acrescentou: “Nosso objetivo permanece o mesmo: proteger a liberdade de expressão no YouTube enquanto mitigamos danos graves.”


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