NASA registra de perto explosão magnética no Sol

Uma equipe do Southwest Research Institute (SwRI), nos EUA, identificou uma explosão magnética próxima ao Sol que pode estar acelerando partículas a velocidades extremas. A descoberta foi feita com a ajuda da sonda Parker Solar Probe, da NASA, durante um mergulho arriscado para dentro da atmosfera solar. Os resultados da pesquisa foram publicados na revista científica The Astrophysical Journal Letters.

A sonda registrou o fenômeno ao atravessar uma região chamada folha de corrente heliosférica (HCS). Essa área é marcada pela inversão do campo magnético do Sol e é considerada instável. Foi nesse ponto que os cientistas notaram a presença de partículas carregadas, como prótons, se movendo em direção ao Sol com energia muito acima do esperado.

De acordo com um comunicado, a explicação está em um processo chamado reconexão magnética. Ele ocorre quando linhas do campo magnético se rompem e se reconectam, liberando grandes quantidades de energia, como se fosse uma explosão invisível. Essa energia aquece a atmosfera solar e impulsiona partículas a velocidades próximas às da luz.

Explosões magnéticas no Sol impactam o clima espacial

Segundo Mihir Desai, pesquisador do SwRI e autor principal do estudo, a sonda detectou prótons com energia até mil vezes superior à energia disponível por partícula no local. Isso indica que a reconexão magnética no HCS é uma importante fonte de partículas energéticas no espaço próximo ao Sol.

Essas explosões magnéticas têm impactos diretos no chamado clima espacial. Quando partículas energizadas alcançam a Terra, elas podem afetar satélites, redes elétricas e sistemas de navegação. Em maio de 2024, por exemplo, uma forte tempestade solar prejudicou agricultores nos EUA, ao interromper os sinais de GPS usados no plantio e colheita, causando prejuízos estimados em US$500 milhões (algo em torno de R$2,8 bilhões).

Equipe do SwRI identificou partículas aceleradas a energias extremamente altas por reconexão magnética perto do Sol. Quando a sonda Parker, da NASA (trajetória mostrada em verde), cruzou a folha de corrente heliosférica, ela encontrou ilhas magnéticas em fusão (azuis) e prótons acelerados em direção ao astro, estabelecendo a reconexão como sua fonte, distinta de processos solares não relacionados. Crédito: JHUAPL

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Sonda da NASA mergulha na coroa solar três vezes por ano

A sonda Parker foi projetada especialmente para investigar esses fenômenos. Ela realiza voos rasantes pela coroa solar, a parte mais externa da atmosfera do Sol, até três vezes por ano. Essas aproximações permitem estudar diretamente o ambiente onde ocorrem essas explosões magnéticas.

Imagem captada pela sonda solar Parker, da NASA, do interior de uma ejeção de massa coronal, feita em 2021. Crédito: Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins (JHUAPL)/NASA

Compreender como essas partículas são aceleradas e como o Sol aquece sua atmosfera ajuda os cientistas a prever melhor os efeitos de tempestades solares. Isso também pode oferecer pistas para pesquisas sobre fusão nuclear em laboratório, que depende de processos semelhantes envolvendo campos magnéticos intensos.

A missão Parker Solar Probe faz parte do programa Living With a Star (“Vivendo com uma Estrela”), da NASA, que busca entender como a atividade solar afeta o ambiente espacial e a vida na Terra. O projeto é gerenciado pelo Goddard Space Flight Center, e a espaçonave foi construída pela Universidade Johns Hopkins.

A explosão magnética detectada pela missão é um marco na pesquisa sobre o Sol. Ela mostra como eventos aparentemente invisíveis podem ter efeitos concretos na vida cotidiana e reforça a importância de estudar o Sol de perto para proteger a tecnologia e infraestrutura que usamos na Terra.


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