Oceanos enfrentam tripla ameaça, segundo estudo

Segundo os pesquisadores, este tipo de evento extremo triplo era praticamente inexistente há cerca de 20 anos

Imagem: bluefish_ds/Shutterstock

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Um estudo inédito mapeou a frequência e a intensidade de um evento extremo triplo que está assolando o Atlântico Sul. O oceano é ameaçado por uma combinação de ondas de calor marinhas, escassez de clorofila e acidificação acentuada do mar.

Segundo os pesquisadores, este tipo de fenômeno era praticamente inexistente há cerca de 20 anos. Isso sugere que as mudanças climáticas impulsionadas pela atividade humana são as causadoras do problema analisado.

Oceanos estão ficando mais quentes e ácidos (Imagem: hirokoro/Shutterstock)

Eventos triplos se tornaram relativamente comuns

  • Durante o trabalho, a ocorrência dos eventos foi analisada ao longo de dois períodos de 10 anos consecutivos: de 1999 a 2008 e de 2009 a 2018.
  • No total, seis regiões do Atlântico Sul, três perto da costa brasileira e três do litoral da África, foram verificadas.
  • Segundo os cientistas, no primeiro intervalo estudado não houve nenhum caso em que as três situações fossem registradas ao mesmo tempo.
  • Já no segundo estes eventos triplos se tornaram relativamente comuns.
  • Em algumas situações a duração mínima dos fenômenos conjuntos variou de 17 a 49 meses.
  • Os episódios concomitantes mais severos reunindo ondas de calor, alta acidez e pouca disponibilidade de clorofila abrangeram áreas que representavam entre 4% e 18% da extensão total de cada região.
  • As conclusões foram descritas em estudo publicado na revista Nature Communications.

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Fenômenos são causados pelas mudanças climáticas (Imagem: Vadim Sadovski/Shutterstock)

Distúrbios climáticos podem prejudicar os ecossistemas marinhos

Apesar do fenômeno triplo passar a ocorrer praticamente todo ano, o período entre o verão e o outono de 2020 chamou a atenção dos cientistas. Nos arredores de Rio do Fogo, município litorâneo do Rio Grande do Norte, o aquecimento das águas levou ao branqueamento de 85% dos corais duros e de 70% de zoantídeos, animais com corpo geralmente mais mole que habitam recifes.

A água atingiu 32°C, quando o normal é 28°C. Várias espécies de coral da região apresentam um limite termal médio de 29,7°C. Quando expostas a temperaturas acima desse patamar, elas começam a sofrer danos biológicos importantes.

Fenômenos ameaçam a vida marinha (Imagem: Solarisys/Shutterstock)

Os pesquisadores alertam que os distúrbios climáticos intensos podem afetar a pesca, por exemplo. Águas mais quentes e ácidas aumentam a mortalidade de espécies marinhas. Já a menor presença de clorofila no mar prejudica a realização de fotossíntese em plantas e algas, o que diminui o alimento disponível para muitos organismos marinhos.

Para confirmar a ocorrência de um evento triplo, é necessário que cada um dos três fenômenos extremos citados se sobreponha simultaneamente em pelo menos 1% da área analisada. Os resultados deste novo trabalho podem ajudar na criação de projetos de conservação oceânica.


Alessandro Di Lorenzo

Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.


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