Nesta quinta-feira (5), comemora-se o Dia Mundial do Meio Ambiente, data que chama atenção para os impactos das atividades humanas no planeta – inclusive as que ocorrem no espaço. Um dos temas em debate é o fim da Estação Espacial Internacional (ISS). A NASA planeja tirá-la de órbita (ou seja, derrubá-la na Terra) no início da próxima década, o que levanta preocupações sobre possíveis danos à atmosfera e aos oceanos.
Segundo especialistas consultados pelo site Space.com, a principal medida para reduzir os riscos ambientais é garantir que a reentrada da estação seja feita de forma controlada. Isso significa conduzir a estrutura até uma área remota do oceano, evitando que pedaços caiam em regiões habitadas ou causem danos ao meio ambiente. A operação precisa ser planejada com cuidado, já que falhas nesse processo podem resultar em sérias consequências.
Em 2023, um comitê de segurança ligado à NASA reforçou a urgência de desenvolver um plano seguro para a desorbitação da ISS. O grupo alertou que, caso ocorra um defeito grave na estação, pode ser necessário agir rapidamente.
Estação espacial será derrubada pela SpaceX
Por isso, a agência contratou a SpaceX para criar um veículo capaz de guiar o complexo científico até sua destruição segura no mar.
O contrato com a empresa de Elon Musk foi firmado por US$843 milhões, o equivalente a mais de R$4,8 bilhões, para desenvolver o Veículo Deorbital dos EUA (USDV), que deverá estar pronto para uso em 2031. A ISS pesa cerca de 450 toneladas, o que torna a reentrada especialmente desafiadora e exige extrema precisão técnica.

O cientista Leonard Schulz, do Instituto de Geofísica da Universidade de Braunschweig, na Alemanha, alerta que o peso da estação pode liberar substâncias na atmosfera durante a queda. Segundo ele, os efeitos dessas substâncias na camada de ozônio e no clima ainda não são totalmente compreendidos. “Provavelmente, no futuro, veremos o que essa reentrada pode trazer para a atmosfera em termos de substâncias liberadas”, disse ele, lembrando que a preocupação com o meio ambiente aumenta com o crescimento do número de reentradas espaciais.
Já o físico italiano Luciano Anselmo, do Instituto de Ciências de Pisa, acredita que os impactos nos oceanos serão mínimos. “A reentrada de objetos espaciais é um contribuinte muito pequeno para a poluição dos oceanos, se comparada aos navios afundados ou outros resíduos”, garante. No entanto, ele concorda que os efeitos na atmosfera superior merecem mais atenção.

David Santillo, do Greenpeace, disse que o grupo já monitorou outras reentradas, como a da estação russa Mir, em 2001. Ele sugere o uso de tratados internacionais, como a Convenção de Londres, para criar regras que ajudem a proteger o meio ambiente espacial e terrestre.
É essencial que decisões sobre a ISS considerem não só a segurança da operação, mas também seus impactos ambientais – afinal, o espaço não está fora do alcance das nossas responsabilidades com o planeta.
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Dia Mundial do Meio Ambiente: adaptação climática é urgente e lucrativa
Apesar do agravamento de desastres naturais como enchentes e incêndios florestais nos últimos anos, muita gente ainda pensa que a preservação do meio ambiente é um custo desnecessário – mas, além da importância vital para o mundo, essas ações ainda podem ser lucrativas.
Um estudo do World Resources Institute (WRI) revela que o financiamento para adaptação climática não é apenas urgente, mas também altamente vantajoso. Segundo o levantamento, projetos de adaptação oferecem retornos em três frentes: evitam perdas causadas por desastres, geram ganhos econômicos – como criação de empregos e aumento da produtividade – e promovem benefícios sociais e ambientais, como melhoria da saúde pública e da biodiversidade. Saiba mais aqui.