Impressão digital mais antiga do mundo? Arte Neandertal é encontrada

Arqueólogos descobriram a mais antiga digital de um Neandertal até o momento. O artefato é um ponto vermelho sobre uma rocha de granito semelhante a um rosto, o que pode indicar a capacidade dos neandertais de fazerem arte e reconhecerem faces em objetos inanimados, segundo a pesquisa. 

A rocha estava no abrigo de pedra de San Lázaro, na Espanha, e precisou de três anos de estudo para ser decifrada pelos pesquisadores. “A pedra tinha um formato estranho e um ponto ocre vermelho, o que realmente chamou nossa atenção”, disse o arqueólogo David Álvarez Alonso ao The Guardian.

O objeto tem 20 centímetros de comprimento e data de 43 mil anos atrás. A idade confirma que esse artefato foi depositado antes da chegada dos Homo sapiens à Península Ibérica, revelando que o local era dominado pelo neandertais, segundo a Interesting Engineering.

O abrigo rochoso é menor que uma caverna e se localiza em Segóvia, no centro da Espanha. (Imagem: David Álvarez-Alonso et al 2025)

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O primeiro neandertal artista? 

A equipe analisou a mancha e descobriu que ela é composta de óxidos de ferro e minerais de argila. O estudo revela que a rocha foi retirada do Rio Eresma e “poderia se assemelhar a um rosto humano, com olhos, uma boca e uma crista em forma de nariz”.

“Este objeto contribui para nossa compreensão da capacidade de abstração dos neandertais, sugerindo que ele pode representar uma das primeiras simbolizações faciais humanas na Pré-história”, afirmou o estudo.

A impressão digital oferece uma nova pista sobre a capacidade cognitiva dos neandertais. A equipe sugere que essa espécie, assim como os H. sapiens, poderia vivenciar o fenômeno da Pareidolia: a capacidade de perceber rostos em objetos comuns.

Impresso digital vermelha de neandertal
A análise da impressão digital sugere que ela poderia ser de um homem adulto. (Imagem: David Álvarez-Alonso et al 2025)

“O fato de a rocha ter sido selecionada por sua aparência e depois marcada com ocre mostra que havia uma mente humana capaz de simbolizar, imaginar, idealizar e projetar seus pensamentos em um objeto”, escreveram os autores.

O artefato não apresenta marcas de uso como uma ferramenta. Isso reforça a hipótese de que o valor do objeto era simbólico ao invés de prático, explica o artigo.

O grupo não chegou a uma conclusão sobre as motivações do pintor neandertal. Porém, os pesquisadores constataram que há evidências para uma capacidade dos neandertais de produzirem símbolos, mas que o debate deverá continuar.

“A questão aqui é que estamos lidando com um objeto incomparável; não há nada semelhante. Não é como na arte, onde, se você descobre uma pintura rupestre, há centenas de outras que você pode usar para contextualizar. Mas nossa afirmação é que os neandertais tinham uma capacidade de pensamento simbólico semelhante à do Homo sapiens e achamos que este objeto reforça essa noção”, concluiu Alonso.


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