Estado brasileiro é o primeiro a regular a IA, mas gera polêmica

Projeto aprovado em Goiás não trata de assuntos como direitos autorais na internet e visa à segurança de empresas do setor de IA

(Imagem: Iuliia Bishop/Shutterstock)

Compartilhe esta matéria

A regulação da inteligência artificial tem sido discutida no Congresso, mas também é debatida por alguns estados brasileiros. E um deles tomou a dianteira neste quesito, aprovando o primeiro marco legal de IA no país.

Os deputados estaduais de Goiás aprovaram, em duas votações unânimes, o texto, que agora vai à sanção do governador Ronaldo Caiado. A proposta, no entanto, está gerando discussão, uma vez que difere, em alguns pontos, do projeto nacional.

Lei federal pode se sobrepor à legislação estadual

O primeiro marco legal de inteligência artificial não cria uma classificação de risco das ferramentas ou um sistema de remuneração de escritores e artistas. O objetivo dela é deixar as regras mais claras, eliminando a insegurança jurídica e atraindo investimentos de empresas do setor.

No entanto, especialistas ouvidos pela Folha de São Paulo apontam que a aprovação de uma lei estadual antes de uma federal ameaça a segurança jurídica. Eles alegam, por exemplo, que uma legislação nacional poderia se impor em questões sensíveis como a obrigatoriedade de pagamento por uso de propriedade intelectual.

inteligência artificial
Projeto não trata de assuntos como direitos autorais na internet e visa à segurança de empresas do setor de IA (Imagem: NONGASIMO/Shutterstock)

As discussões ganham força em função do projeto goiano citar direitos dos desenvolvedores, operadores, usuários e não usuários. Isso em detrimento de priorizar a prevenção de possíveis danos coletivos gerados pela tecnologia e a responsabilização em caso de inadequação.

A proposta ainda tem como o objetivo a criação de um ambiente de negócios competitivo em tecnologia, com a capacitação em inteligência artificial desde a educação básica. E trata da adoção de inteligência artificial pela administração goiana, dando prioridade aos modelos de código aberto, que podem ser usados, editados e auditados pelas pessoas e empresas interessadas.

Leia mais

Cérebro com os dizeres
Regulação da IA também está sendo discutida no Congresso Nacional (Imagem: Anggalih Prasetya/Shutterstock)

Principais pontos do marco de IA aprovado em Goiás

  • Estabelece fundamentos e princípios para o desenvolvimento da IA no estado;
  • Determina preferência por soluções tecnológicas desenvolvidas em “software aberto e modelos de IA abertos”;
  • Define direitos de desenvolvedores, operadores, usuários e não usuários;
  • Regulamenta o uso da IA para melhoria dos serviços públicos;
  • Institui programas específicos de incentivo à IA, como o “IA no Campo – Agro-Tech Aberta Global”;
  • Cria o Centro Estadual de Computação Aberta e Inteligência Artificial;
  • Estabelece o “Sandbox Estadual Permanente de Inteligência Artificial”, uma exceção à lei estadual que garante mais flexibilidade regulatória para startups;
  • Regulamenta agentes autônomos de IA e inteligência artificial embarcada;
  • Determina políticas de educação e capacitação em IA;
  • Dispõe sobre sustentabilidade e governança ambiental da infraestrutura de IA.
Alessandro Di Lorenzo

Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital

Postagem Relacionada

Copyright © 2024 Jornal Vertente

Jornal Vertente
Visão geral da privacidade

Este site utiliza cookies para que possamos fornecer a melhor experiência possível ao usuário. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e desempenham funções como reconhecer você quando retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.