Por que titãs do mundo tech viajaram com Trump para a Arábia Saudita

Executivos de grandes empresas de tecnologia viajaram para Riade, capital da Arábia Saudita, junto ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e assessores de alto escalão na terça-feira (13). O objetivo foi buscar investimentos do reino, conhecido por suas vastas reservas de petróleo.

Trump foi direto em sua reunião com o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman. “Temos aqui os maiores líderes empresariais do mundo”, disse o presidente, segundo o Washington Post. “Eles vão sair daqui com muitos cheques para muitas coisas que vocês [árabes] vão fornecer.”

Essa é a primeira grande viagem internacional de Trump em seu segundo mandato. Ela ilustra seu novo modelo de diplomacia comercial, no qual negócios e política externa caminham juntos, aponta o jornal. E empresários têm assumido o papel de embaixadores das políticas dos EUA.

Líderes de big techs acompanharam Trump em 1ª cúpula de investimentos EUA-Arábia Saudita

A visita fez parte da primeira cúpula de investimentos EUA-Arábia Saudita. Além da tecnologia, o evento reuniu executivos de setores como bancário e financeiro.

Elon Musk estava entre executivos de big techs que acompanhavam Donald Trump em visita à Arábia Saudita (Imagem: Governo dos EUA)

No entanto, a presença marcante de big techs mostrou o quanto o setor depende do apoio financeiro dos Estados do Golfo para avançar em projetos de inteligência artificial (IA).

  • A presença desses executivos contrasta com 2018, quando muitos boicotaram a conferência saudita por causa do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, colunista do Washington Post, no consulado saudita em Istambul;
  • Vale destacar: Jeff Bezos, fundador da Amazon e dono do Washington Post, não acompanhava Trump na visita à Arábia Saudita. Em anos anteriores, ele apoiou campanhas para chamar atenção para o caso Khashoggi. Mas a Amazon anunciou recentemente data centers da AWS no país.

Nos últimos anos, tem sido comum ver líderes da tecnologia viajando ao Oriente Médio para buscar investimentos. O dinheiro serve para desenvolver a infraestrutura de IA, considerada essencial para o futuro das empresas.

Donald Trump falando durante cúpula de investimentos entre Estados Unidos e Arábia Saudita
Visita do presidente Donald Trump fez parte da primeira cúpula de investimentos EUA-Arábia Saudita (Imagem: Governo dos EUA)

A relação é de interesse mútuo. A Arábia Saudita também quer diversificar sua economia, atualmente baseada no petróleo. Os acordos assinados durante a visita mostram como o reino usa seus recursos para ganhar relevância global, segundo o Post.

Quem foi e quem não foi

Confira abaixo presenças e ausências notáveis de líderes de big techs durante a visita de Trump à Arábia Saudita:

Quem foi

  • Alex Karp (CEO da Palantir);
  • Andy Jassy (CEO da Amazon);
  • Ben Horowitz (sócio cofundador da Andreessen Horowitz, firma de investimento);
  • Dara Khosrowshahi (CEO da Uber Technologies);
  • Elon Musk (dono da Tesla, SpaceX e X, além de conselheiro de Trump à frente do Departamento de Eficiência Governamental, DOGE);
  • Jensen Huang (CEO da Nvidia);
  • Lisa Su (CEO da AMD);
  • Ruth Porat (presidente e diretora de investimentos da Alphabet e do Google);
  • Sam Altman (CEO da OpenAI, desenvolvedora do ChatGPT);
  • Tim Sweeney (CEO da Epic Games);
  • Travis Kalanick (cofundador e ex-CEO da Uber).

Quem não foi

  • Brad Smith (presidente da Microsoft);
  • Jeff Bezos (fundador e ex-CEO da Amazon);
  • Lip-Bu Tan (CEO da Intel);
  • Mark Zuckerberg (CEO da Meta);
  • Reid Hoffman (co-fundador do LinkedIn);
  • Satya Nadella (CEO da Microsoft);
  • Sundar Pichai (CEO do Google);
  • Tim Cook (CEO da Apple).

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Acordos e desconfiança

Entre os acordos, destaca-se a venda de centenas de milhares de chips Blackwell, da Nvidia, para a Humain, startup criada pelo fundo soberano saudita. A AMD também anunciou um acordo de US$ 10 bilhões (R$ 56 bilhões) com a mesma empresa.

Celular exibindo logomarca da Nvidia na tela na frente de outra tela exibindo bandeira dos Estados Unidos
Nvidia anunciou parceria com startup criada pelo Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita para construir “fábricas de IA” no país (Imagem: Algi Febri Sugita/Shutterstock)

Apesar do entusiasmo, especialistas em política externa ouvidos pelo Washington Post levantam dúvidas. Eles alertam que os EUA podem estar compartilhando tecnologias estratégicas demais sem garantias suficientes em troca.

E daí? Bem, isso poderia representar riscos à segurança nacional ao tornar o país dependente de parcerias com governos autoritários. Mas, pelo visto, tudo bem para Trump.

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