Óculos inteligentes com reconhecimento facial podem ser aposta da Meta

Empresa desenvolve nova tecnologia que identifica pessoas por meio de escaneamento facial; especialistas veem riscos éticos e falta de transparência

(Imagem: JLStock / Shutterstock.com)

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A Meta está reconsiderando o uso de reconhecimento facial em seus óculos inteligentes.

Após abandonar a ideia na primeira versão dos dispositivos, a empresa agora desenvolve tecnologias que podem identificar rostos e associá-los a nomes, como parte de um sistema chamado internamente de “super sensor”.

Esse recurso, que seria alimentado por inteligência artificial em tempo real, ainda depende de avanços na autonomia da bateria. Enquanto os óculos atuais funcionam com IA por apenas meia hora, futuros modelos, previstos para 2026, poderiam operar por várias horas seguidas.

Apesar de a ativação desse modo depender do consentimento do usuário dos óculos, as pessoas ao redor — cujos rostos seriam capturados — não teriam controle nem necessariamente saberiam que estão sendo identificadas.

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Parte do rosto de uma mulher, em preto e branco, com linhas sobrepondo-o, imitando um reconhecimento facial
Tecnologia vestível avança, mas levanta dilemas éticos sobre vigilância e exposição de terceiros (Imagem: New Africa/Shutterstock)
  • A Meta estuda ainda eliminar o aviso visual, como a luz que hoje se acende nos óculos Ray-Ban Meta durante gravações, o que acentua preocupações com a privacidade de terceiros.
  • Especialistas lembram dos protestos contra o Google Glass anos atrás e alertam para o possível surgimento de um novo tipo de usuário invasivo, apelidado informalmente de “Metahole”.
  • Em paralelo, a empresa atualizou suas políticas de privacidade.
  • Desde abril, os óculos com assistente de voz passaram a ter o recurso ativado por padrão, e não é mais possível impedir que a Meta armazene e utilize as gravações de voz para treinar seus sistemas — a menos que se desative por completo a frase de ativação “Hey Meta!”.

A reportagem também sugere um contexto político mais permissivo: com a reeleição de Donald Trump e a atual composição da Comissão Federal de Comércio (FTC) nos Estados Unidos, há menos disposição para impor regras rigorosas às big techs.

A nova comissária, Melissa Holyoak, sinalizou uma abordagem “flexível” e “baseada em risco”, o que preocupa especialistas em privacidade digital.

Em resumo, a Meta parece caminhar para uma nova geração de dispositivos com capacidades de vigilância mais avançadas e menos transparentes, reabrindo debates sobre os limites éticos da tecnologia vestível.

As informações são do site The Information.

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Mudanças nas políticas da Meta dificultam controle do usuário sobre dados de voz coletados (Imagem: Muhammad Alimaki/Shutterstock)
Leandro Costa Criscuolo

Colaboração para o Olhar Digital

Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.

Bruno Capozzi

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.

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