China usa maior radiotelescópio do mundo para encontrar gelo na Lua

Usando o maior e mais sensível radiotelescópio de antena parabólica única do mundo, a China obteve novos dados sobre a presença de gelo de água no polo sul da Lua. Essas descobertas são importantes porque diversos países planejam enviar astronautas para estadias mais longas na superfície lunar nos próximos anos.

Diferentemente das missões Apollo, que duravam poucos dias, os futuros exploradores devem viver e trabalhar por mais tempo na Lua. Para isso, será essencial ter acesso a recursos locais, como água e oxigênio, que são fundamentais para a sobrevivência e construção de bases lunares.

Nos últimos anos, cientistas têm apostado que o polo sul da Lua pode esconder grandes quantidades de gelo. Essa região é de interesse porque possui crateras permanentemente sombreadas, onde a luz do Sol nunca chega, o que preservaria a água congelada há bilhões de anos.

Foto panorâmica aérea tirada em 23 de junho de 2023 mostra o Radiotelescópio Esférico de Abertura de Quinhentos metros (FAST) na província de Guizhou, sudoeste da China. Crédito: Xinhua/Ou Dongqu

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Gelo de água na Lua está mais fundo do que se pensava

As novas observações feitas pelo Telescópio Esférico de Abertura de Quinhentos Metros (FAST) e por um radar chinês de dispersão incoerente em Sanya (SYISR) mostram que o gelo de água está mais fundo do que se pensava. Em vez de estar na superfície, ele parece estar enterrado em camadas profundas, o que torna sua extração muito mais difícil.

Segundo o estudo, publicado na revista Science Bulletin, o gelo está espalhado de forma fragmentada sob o solo. Ele representa apenas cerca de 6% do material encontrado nos primeiros 10 metros da superfície do polo sul lunar, de acordo com as imagens de radar analisadas.

De acordo com o South China Morning Post, essas descobertas podem ajudar a escolher os melhores locais para pouso e construção de futuras bases lunares. Os autores do estudo, no entanto, admitem que os dados ainda são preliminares e que será necessário combinar resultados de vários observatórios para ter uma visão mais precisa.

Dados da NASA e de outras agências mostram que depósitos espessos de gelo estão escondidos na Lua. Crédito: NASA/UCLA

A presença de gelo lunar foi confirmada pela primeira vez em 2018, com ajuda de instrumentos da NASA e da agência espacial indiana. O cientista Shuai Li, que liderou aquela descoberta, alertou ao Interesting Engineering em 2023 que a Lua pode não ter gelo suficiente caso muitas nações tentem colonizá-la ao mesmo tempo.

Prevista para 2026, a missão chinesa Chang’e-7 promete investigar diretamente a quantidade e o estado do gelo de água na Lua. A expectativa é entender não só quanto gelo existe, mas também como ele foi parar lá.

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