Feed do Meta AI pode ser tão engraçado quanto assustador

O aplicativo Meta AI tem um canto único (até o momento) na categoria “plataformas de IA generativa no estilo ChatGPT”: o Discover. É essencialmente um feed no qual usuários compartilham seus experimentos com a inteligência artificial da Meta. E o conteúdo é tão engraçado quanto assustador.

A jornalista Victoria Song, repórter do The Verge, se aventurou pelo feed do Meta AI e conta, numa reportagem, o que viu por lá. E o Olhar Digital traz os destaques do relato dela.

Pinterest misturado ao que é irritante no Threads, com prompts para IA generativa salpicados. É assim que a repórter descreve o feed do Meta AI, a parte estilo rede social do aplicativo.

É importante entender: neste canto do aplicativo, usuários compartilham não só os resultados gerados pela IA da Meta, mas também o caminho percorrido por eles para chegar até lá. Isto é, todos os prompts (comandos, perguntas), toda a “conversa” tida com a IA.

Meta investe em espaço estilo rede social no aplicativo do Meta AI (Imagem: Sugengsan / Shutterstock.com)

Para alguns, essa é uma parte bem pessoal no uso de alguma IA, seja ChatGPT, Gemini, Claude. Podemos até comentar sobre em conversas com amigos, colegas de trabalho. Mas, geralmente, filtramos – em alguns casos, bastante. Já no aplicativo do Meta AI, a ideia é compartilhar tudo na íntegra.

“O resultado é um microcosmo fascinante da experiência humano-IA e, especificamente, de como tão poucas pessoas sabem o que fazer com a IA generativa”, escreve Victoria.

Para ela, existe uma baita ironia aí. “O vice-presidente de produto da Meta, Connor Hayes, disse ao The Verge que a empresa adicionou essa parte social justamente para mostrar aos novatos em IA o que eles podem fazer com ela.”

O que o feed do Meta AI mostra, afinal?

Ao rolar o feed, você encontrará uma seleção estranha de cartões no estilo Pinterest“, conta a repórter. “A maioria são experimentos com geração de imagens, alguns são perguntas simples, e alguns poucos mostram pessoas testando as falhas da IA (por exemplo: quantas letras R há na palavra strawberry?).”

“De vez em quando, você encontra algo que te faz rir”, escreve. “Mas, no geral, o feed parece mais um pôster com todas as reclamações que as pessoas têm sobre IA.”

Captura de tela de conversa com Meta AI e imagem de palhaço sentado no sofá numa sala de estar
(Imagem: Reprodução/The Verge)

A repórter cita uma postagem que mostra uma “conversa” na qual o usuário pediu para a Meta AI imaginar um cômodo – qualquer cômodo – sem um palhaço nele. Adivinhe o resultado. Pois é. Um palhaço perturbador sentado no sofá de uma sala de estar.

Outra postagem citada por ela mostra o histórico de um usuário quando este pede ajuda à Meta AI para descobrir um snack saudável que não aumentasse a glicose. Neste caso, a IA não dá uma resposta errada. Apenas traz algo que poderia ser encontrado facilmente no Google.

Não é algo que prove que buscas por IA são intrinsecamente melhores. O mesmo vale para as imagens geradas pela IA“, observa a repórter.

Meta AI pode ser assustador

“A natureza pública do feed também pode ser um pouco estranha”, escreve Victoria. Afinal, quando você compartilha históricos dos seus prompts na íntegra, mostra o que pensa. E como pensa.

Mergulhar no feed às vezes dá a sensação de estar ouvindo conversas que você não deveria estar escutando“, conta a repórter. Ela cita uma “conversa” na qual “parece muito com se eu tivesse invadido uma sessão de terapia, assistindo alguém tentar convencer a Meta AI a validar sua decisão de investir em Bitcoin”.

Captura de tela de conversa com Meta AI e imagem de mulher asiática bonita vestindo maiô
(Imagem: Reprodução/The Verge)

Outro exemplo perturbador: “um pedido extremamente detalhado de imagem para uma ‘beleza asiática sedutora exalando energia de garota má à noite’ e as treze tentativas do usuário para acertar exatamente o que queria”.

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Balanço da experiência

Misturar IA e feeds estilo rede social é a tendência do momento. A Meta fez, o X fez (muitos usuários têm citado o Grok em comentários de postagens perguntando “isso é verdade?”), a OpenAI pretende fazer.

Para a repórter, a lógica por trás é: “Criar algo que possa ser compartilhado inevitavelmente leva a trends e viralizações que, por sua vez, incentivam as pessoas a explorar o que a IA pode fazer.”

Logo do Meta AI
Meta criou feed Discover no aplicativo Meta AI para novatos em IA verem o que dá para fazer com a tecnologia (Imagem: El editorial/Shutterstock)

No entanto, o desafio, segundo ela, é dar a usuários comuns — “não early adopters, não evangelistas da tecnologia” — motivos suficientes para continuar ali na plataforma.

Ela dá os seguintes exemplos: ” Sou uma pessoa naturalmente curiosa e me divirto fuçando em chatbots de IA. Ao vasculhar o feed da Meta AI, consigo encontrar bastante coisa para me surpreender ou despertar meu interesse. Minha sogra? Não estou convencida de que um fluxo constante de salas surrealistas feitas de doces vá finalmente convencê-la a experimentar a IA.”


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