Tudo sobre Inteligência Artificial
Nesta quinta-feira (1), a internet comercial completa 30 anos de existência no Brasil. Foi nesse dia que a Embratel, então estatal, permitiu que a população brasileira acessasse a web. Antes disso, foram 250 usuários que participaram de testes.
Até o fim dos anos 1980, apenas instituições educacionais podiam acessar a internet por meio do sistema RNP (Rede Nacional de Pesquisa).
Surgimento da internet
- Os primeiros esboços de uma grande rede que conectasse computadores e outros dispositivos sem fio que estivessem distantes começaram em 1960, no ápice da Guerra Fria;
- Mais especificamente, foram os Estados Unidos que começaram o projeto, chamado Arpanet, rede de computadores do Departamento de Defesa estadunidense;
- Até os anos 1980, a internet evoluiu bem, mas foi com a criação da World Wide Web (WWW) por Tim Berners-Lee em 1989, que a estrutura que temos atualmente foi moldada.
No século XXI, em pleno 2025, o que vemos é uma grande quantidade de navegadores, mecanismos de busca, redes sociais, anúncios… e, claro, a inteligência artificial (IA).

Usuários brasileiros
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), dados de agosto de 2024 dão conta de que a internet esteve presente em 92,5% (72,5 milhões) dos lares brasileiros no ano anterior.
Quanto à proporção de pessoas com dez anos ou mais que se conectaram, o total foi de 88%. Em 2016, essa quantia era de 66,1%.
Domínios com final “.br” também explodiram em existência: hoje, são mais de 5,4 milhões ante menos de mil em 1996.
Essa quantidade absurda de domínios é gerida pelo NIC.br (Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR), instituição sem fins lucrativos subordinada ao CGI.br (Comitê Gestor da Internet). Outras funções, como criação de diretrizes e estudos, também estão no escopo da entidade.
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Mudanças à vista
O CGI.br pode passar por reformulação em sua composição. Hoje, ele é formado por nove pessoas do governo, quatro do setor empresarial, quatro do terceiro setor, três da comunidade científica e um de notório saber em internet.
As mudanças podem chegar com o projeto de lei 4.557/2024, do deputado Silas Câmara (Republicanos/AM), atualmente sob apreciação da Comissão de Comunicação. A ideia é centralizar as operações brasileiras da internet na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Queda de braço
A cada dia que passa, as redes sociais e as big techs passam a ter mais e mais relevância e controle sobre a internet. No Brasil e no mundo, são várias as discussões em torno do tema, de modo a “segurar as rédeas” da tecnologia e suas empresas — e isso também inclui a IA.
Em terras tupiniquins, o deputado Câmara tem outro projeto; esse em conjunto com Dani Cunha (União/RJ) que versa sobre a regulação das redes sociais. O Supremo Tribunal Federal (STF) também julga texto similar: se as big techs devem ou não ser responsabilizadas por publicações ofensivas e danos causados a terceiros.
A versão nacional do grupo de pressão global constituído por gigantes, como Amazon e Google, chamado de Internet Society, defende que as normas sejam estritas pelas próprias empresas, pois teme que regulações mal formuladas comprometerão o bom funcionamento da rede.
“Seria como fazer uma intervenção cirúrgica para um problema no joelho e evitar, ao máximo, a perna inteira”, disse a diretora do Internet Society Brasil, Paula Bernardi, à Folha de S.Paulo.
E não nos esqueçamos da IA, fala à Folha o professor de ciência da computação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Diogo Cortiz. O especialista alerta que o avanço dessa fascinante tecnologia fará com que a internet fique cada vez mais centralizada nas plataformas vencedoras da disputa mercadológica.

“A tecnologia vai reduzir cada vez mais a importância de se pensar na navegação pelas páginas descentralizadas, porque os grandes modelos de linguagem [LLMs, na sigla em inglês], como no caso dos buscadores, já começam a responder diretamente às perguntas“, pontua.
Para o professor Hartmut Glaser, do CGI.br, “não é o fim da internet, mas é o fim da internet que nós, como pioneiros, participamos da criação. Ela deveria ser aberta, universal, escalável, neutra e está perdendo exatamente essas características da sua infância”.