Chocolate fake? Pesquisadores da USP criam substituto do cacau

Proposta é reaproveitar resíduos agroindustriais, como derivados do malte, para desempenhar função do pó e do licor

Equipe trabalha em um protótipo para testar a fórmula em um ambiente realista (Imagem: gustavomellossa/iStock)

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Com o setor de cacau em crise, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram fórmula que pode substituir o fruto na produção do chocolate. A proposta é reaproveitar resíduos agroindustriais para desempenhar o papel do cacau em pó e do licor de cacau tradicionais.

“A composição tem compostos bioativos, fenólicos, flavonoides, fibras, lipídios nutricionais, proteínas e carboidratos, além de ter alta capacidade antioxidante”, explicou Suzana Lannes, docente da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP e uma das responsáveis pela tecnologia, ao Jornal da USP.

Fórmula da USP tem o diferencial de agregar valor nutricional (Imagem: Artem Zakharov/iStock)

A patente foi registrada como “Composição Alimentícia de Chocolate com Reaproveitamento de Resíduos Agroindustriais”. Agora, a equipe trabalha em um protótipo para testar a fórmula em ambiente realista

Diferencial da nova “fórmula” de cacau

  • A substituição do cacau por si só não é uma novidade no mercado;
  • Há marcas especializadas nos chamados “cocoa extenders”, por exemplo, que usam amendoim e alfarroba em até 50% da receita, mantendo a textura e sabor do chocolate;
  • No entanto, a fórmula da USP tem o diferencial de agregar valor nutricional e promover a sustentabilidade com o reaproveitamento de subprodutos agroindustriais, de acordo com a reportagem;
  • O processo eleva o teor de fibras, prebióticos e oferece capacidade antioxidante, por exemplo.

Um dos subprodutos sugeridos pela equipe deriva do malte, amplamente explorado pela indústria cervejeira. Lannes garante que a formulação mantém as cores, texturas e sabor características do chocolate.

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Crise mundial

Como relatou o Olhar Digital, a queda global de produção do cacau é reflexo de pragas, mudanças climáticas e plantações envelhecidas, principalmente em países africanos. No ano passado, os preços do fruto triplicaram — e deve se manter alto por causa da baixa oferta.

Um dos subprodutos sugeridos pela equipe deriva do malte (Imagem: Narong KHUEANKAEW/iStock)

Por isso, a equipe da USP está otimista com a possibilidade de adoção da tecnologia em breve. “Nossas expectativas nem seriam para o futuro, mas imediatas, pois estamos vivenciando um período de alto custo do cacau”, disse Lannes ao jornal.


Bruna Barone

Colaboração para o Olhar Digital

Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero

Rodrigo Mozelli

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.


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