“Eclipse” permite análise inédita da atmosfera de Urano pela NASA

No último dia 7, ao longo de cerca de uma hora, Urano bloqueou a luz de uma estrela distante (como a Lua faz com o Sol durante um eclipse), fornecendo uma oportunidade rara de pesquisa para os astrônomos. Cientistas da NASA aproveitaram a chamada “ocultação estelar” para analisar a atmosfera e os anéis do planeta. O evento foi visível apenas no oeste da América do Norte.

Em poucas palavras:

  • Recentemente, Urano ocultou a luz de uma estrela, e a NASA aproveitou para estudar sua atmosfera e seus anéis;
  • A análise da curva de luz permitiu medir temperaturas, identificar compostos químicos e comparar dados com os coletados há quase 30 anos;
  • Como Urano não tem superfície sólida, isso facilita a observação de fenômenos atmosféricos como ventos e formação de nuvens;
  • Urano estará envolvido em novas ocultações nos próximos anos, com destaque para o “eclipse” de uma estrela mais brilhante em 2031.

De acordo com um comunicado, esse tipo de ocultação é incomum para Urano. A última vez que uma estrela brilhante foi ocultada por ele foi em 1996. Por isso, a NASA se preparou com uma megaoperação. Uma equipe internacional de mais de 30 astrônomos, liderada pelo Centro de Pesquisa Langley, na Virgínia, usou 18 observatórios para acompanhar o fenômeno.

Representação artística mostrando uma estrela distante desaparecendo de vista ao ser eclipsada por Urano – um evento raro conhecido como ocultação estelar planetária. Créditos: NASA / Laboratório de Conceitos Avançados

“Foi a primeira vez que colaboramos em uma escala tão grande para uma ocultação”, explicou o cientista planetário William Saunders. Segundo ele, a participação de tantos telescópios permitiu obter dados mais detalhados sobre as várias camadas da atmosfera de Urano. A análise da curva de luz revelou informações inéditas.

Falta de superfície sólida facilita análise da atmosfera de Urano

Os cientistas conseguiram medir temperaturas e composições químicas na estratosfera do planeta, que é a camada intermediária de sua atmosfera. Além disso, compararam os dados atuais com os que foram obtidos em 1996. Essa comparação ajudou a identificar as mudanças ocorridas ao longo desses quase 30 anos.

Urano está a cerca de 3,2 bilhões de quilômetros da Terra e não tem uma superfície sólida como a dos planetas rochosos. Em vez disso, a superfície é formada por uma mistura espessa de água, amônia e metano congelados. O interior do planeta também é composto principalmente por esses materiais gelados.

Esta imagem capturada pelo instrumento NIRCam, do Telescópio Espacial James Webb, mostra a calota polar, algumas tempestades entre o azul, os muitos anéis e nove luas de Urano. Crédito: NASA, ESA, CSA, STSCI

A atmosfera de Urano é dominada por hidrogênio e hélio, gases leves que também compõem a maior parte do Sol. Isso torna o planeta um “gigante de gelo”, como Netuno, diferente dos “gigantes gasosos” Júpiter e Saturno. A estrutura sem superfície sólida facilita o estudo de fenômenos atmosféricos, como ventos, tempestades e formação de nuvens.

Leia mais:

Emma Dahl, pesquisadora do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), destacou que planetas como Urano funcionam como laboratórios naturais. Como não têm solo para interferir, os estudos ficam mais precisos. “Sem uma superfície para complicar as simulações, conseguimos entender melhor como as atmosferas se comportam”.

A NASA informou que Urano ocultará várias estrelas menores nos próximos anos e que a próxima grande ocultação, envolvendo uma estrela ainda mais brilhante, está prevista para 2031. Cada um desses eventos é uma chance única de desvendar os mistérios desse planeta gelado e distante.


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