Espaçonave soviética pode cair inteira na Terra

Em cerca de duas semanas, um objeto lançado há meio século deve voltar à Terra. É a espaçonave Kosmos 482, parte de uma missão soviética para Vênus que falhou ainda na decolagem, em 1972. Desde então, o equipamento permaneceu em órbita do planeta.

O que chama atenção é o tipo de objeto que está voltando: um módulo de pouso construído para resistir à atmosfera de Vênus. Isso significa que, ao reentrar na atmosfera terrestre, a espaçonave provavelmente não será destruído e deve chegar inteiro ao solo.

Uma réplica de museu da nave de descida soviética Venera, que está em uma órbita decadente ao redor da Terra. Crédito: NASA

O especialista em satélites Marco Langbroek, da Holanda, monitora o caso de perto. Segundo ele, o módulo é da missão Venera e foi projetado para aguentar condições extremas – por isso, pode resistir ao calor e à pressão da reentrada.

A peça tem cerca de um metro de diâmetro e pesa quase 500 kg. Embora sejam considerados baixos, os riscos de impacto existem. Sua queda será semelhante à de um pequeno meteorito, com velocidade estimada de até 242 km/h após atravessar a atmosfera.

O satélite Kosmos 482 pode cair em qualquer lugar dessa vasta região demarcada do planeta. Crédito: Visual SAT-Flare

Esses dados vêm de simulações feitas com o software TUDAT, um programa usado para prever trajetórias espaciais criado pela Universidade Técnica de Delft, na Holanda. A análise considera o comportamento da órbita do objeto ao longo dos anos.

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Nas últimas semanas, o módulo tem se aproximado cada vez mais da Terra. O ponto mais distante de sua órbita (apogeu) vem caindo há meses, e agora o ponto mais próximo (perigeu) também está diminuindo, o que indica a iminente reentrada.

Com uma inclinação de órbita de 51,7 graus, o módulo pode cair em qualquer local entre as latitudes 52º norte e 52º sul – o que cobre boa parte do planeta. A previsão atual estima a reentrada para 9 de maio, às 16h43 (horário de Brasília).

Essa previsão, no entanto, ainda pode mudar. Fatores como a atividade solar podem interferir na velocidade com que a nave perde altitude. Mesmo no dia da queda, os cientistas ainda terão margem de incerteza sobre o local exato do impacto.


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