O uso de medicamentos como Ozempic, Wegovy e Mounjaro para perda de peso tem se tornado cada vez mais comum. Apesar de originalmente indicados para o tratamento do diabetes tipo 2 e da obesidade, esses remédios passaram a ganhar destaque pelo potencial de promover emagrecimento rápido e expressivo. A crescente popularidade, no entanto, levanta dúvidas sobre suas diferenças, efeitos colaterais e contraindicações.
Esses fármacos são aplicados por meio de injeções subcutâneas e atuam diretamente na regulação do apetite e da glicemia. A eficácia e o tipo de ação, porém, variam conforme o princípio ativo de cada um. Por isso, especialistas alertam que o uso deve ser sempre feito com acompanhamento médico.
Princípios ativos e eficácia no tratamento da obesidade
Tanto o Ozempic quanto o Wegovy têm como base a semaglutida, substância que age no receptor GLP-1 no intestino, promovendo a saciedade e controlando a glicemia. A diferença principal entre os dois está na dosagem: “O Wegovy permite doses mais altas, o que pode ampliar os efeitos no controle de peso”, explica o nutrólogo Arthur Rocha.
Já o Mounjaro utiliza a tirzepatida, que atua em dois receptores intestinais, GLP-1 e GIP. Essa combinação proporciona um efeito mais robusto, especialmente indicado para pacientes com obesidade diagnosticada ou diabetes tipo 2. “Ele tende a ser mais eficaz nesses casos, justamente por ter dupla ação no organismo”, afirma o médico.
A endocrinologista Lorena Lima Amato também aponta que o Mounjaro representa um avanço importante no tratamento: “A associação entre GLP-1 e GIP mostrou-se superior à semaglutida na perda de peso e controle glicêmico. Isso o torna uma opção promissora, principalmente quando o paciente apresenta resistência a outros tratamentos”, ressalta.
Efeitos colaterais e cuidados iniciais
Mesmo com os benefícios, os medicamentos podem causar efeitos adversos, especialmente nas primeiras semanas de uso. Náuseas, dores de cabeça, alterações intestinais e fraqueza são os mais relatados. Para aliviar os sintomas, Arthur Rocha recomenda evitar refeições pesadas e ricas em gordura, manter-se hidratado e reduzir o consumo de cafeína e álcool.
O especialista também esclarece que o organismo tende a responder de forma diferente ao longo do tempo: “A perda de peso desacelera com a redução da gordura corporal, mas isso não significa que o remédio deixou de funcionar”, diz. Ele alerta ainda para o risco de reganho de peso se não houver mudanças sustentáveis no estilo de vida.
Preço, contraindicações e uso consciente
O preço também é um fator relevante. “O Mounjaro tem custo mais elevado, o que pode dificultar o acesso. Começar com Ozempic ou Wegovy pode ser uma alternativa mais viável para quem busca controle do peso com menor impacto financeiro”, sugere Rocha.

Quanto às contraindicações, o uso desses medicamentos não é recomendado para pessoas com histórico de câncer medular de tireoide, pancreatite aguda e doenças hepáticas ou renais graves, além de gestantes e lactantes. “A escolha do medicamento deve considerar características individuais e acompanhamento médico contínuo, já que os efeitos variam de pessoa para pessoa”, reforça a endocrinologista Lorena Amato.
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Importância da mudança de hábitos
Tanto Rocha quanto Amato são unânimes em afirmar que os remédios não substituem a adoção de hábitos saudáveis. “Eles reduzem o apetite, mas não eliminam calorias por conta própria. Alimentação equilibrada e prática regular de atividade física são indispensáveis para manter os resultados”, destaca Arthur Rocha.
A recomendação é que o paciente inclua musculação e exercícios físicos em sua rotina, principalmente para evitar a perda de massa muscular e manter o metabolismo ativo. “A mudança de comportamento é essencial para que os efeitos dos medicamentos sejam sustentáveis”, conclui o nutrólogo.