Vírus do herpes pode ter ligação com desenvolvimento de Alzheimer

Muita gente já teve herpes, mesmo sem saber: pequenas bolhas ao redor dos lábios, que somem e depois voltam.

Isso acontece porque o vírus permanece no corpo por toda a vida. Ele se esconde nos neurônios e, em momentos de estresse, baixa imunidade ou mudanças hormonais, pode se reativar, causando novas lesões.

O vírus do herpes é capaz de infectar não só a pele, mas também células nervosas e do sistema imune. Uma vez dentro do sistema nervoso, ele entra em estado latente — inativo, mas presente — podendo “acordar” anos depois.

Existem vários tipos de vírus herpes: herpes simples (tipos 1 e 2), varicela-zóster, Epstein-Barr, citomegalovírus, entre outros. Eles são muito comuns — estima-se que mais de 80% da população já tenha entrado em contato com algum deles.

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O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa progressiva, que causa perda de memória e outras funções cognitivas.

Ainda não há cura, e as causas não são totalmente conhecidas. No entanto, estudos sugerem que infecções crônicas — como a causada pelo herpes simplex tipo 1 — podem estar relacionadas ao desenvolvimento da doença.

Herpes pode ser peça-chave no combate ao Alzheimer – Imagem: Kim Kuperkova/Shutterstock

Pesquisas encontraram DNA do vírus herpes em cérebros de pacientes com Alzheimer, especialmente em áreas afetadas por placas de β-amiloide, um dos principais marcadores da doença. Além disso, pessoas com predisposição genética são mais vulneráveis tanto ao Alzheimer quanto à reativação do herpes.

Modelos com animais mostraram que infecções por herpes podem causar inflamação cerebral, acúmulo de proteínas tóxicas e danos semelhantes aos observados no Alzheimer.

Tratamentos antivirais e vacinas

  • Estudos preliminares indicam que medicamentos antivirais, como o aciclovir, podem reduzir a inflamação cerebral e a formação de placas associadas ao Alzheimer, pelo menos em modelos laboratoriais.
  • Ainda são necessários testes clínicos mais amplos em humanos.
  • Além disso, um estudo recente mostrou que a vacinação contra herpes-zóster em idosos pode reduzir o risco de demência em até 20%.
  • O efeito foi mais evidente em mulheres. A explicação pode estar na prevenção da reativação do vírus e da inflamação crônica no cérebro.

Uma nova linha de investigação

Ainda que não exista uma prova definitiva de que o herpes cause Alzheimer, há cada vez mais indícios de que infecções virais e a resposta inflamatória que elas provocam no cérebro podem contribuir para o avanço da doença — especialmente em pessoas geneticamente mais vulneráveis.

Essa possível relação entre infecção e neurodegeneração abre caminho para novas pesquisas, que podem levar a terapias mais eficazes, baseadas em antivirais, vacinas e medicamentos anti-inflamatórios.

As informações desta reportagem constam em um artigo escrito por Ignacio López-Goñi, especialista em microbiologia na Universidade de Navarra, publicado no site The Conversation.

Cérebro se desfazendo
Pesquisadores investigam como infecções antigas e silenciosas podem contribuir para o declínio cognitivo (Imagem: Naeblys/Shutterstock)


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