Google pode perder bilhões após nova acusação grave

A Alphabet, dona do Google, está sendo alvo de um processo coletivo no Reino Unido no valor de até £ 5 bilhões (cerca de R$ 39 bilhões), sob alegações de que a empresa eliminou concorrentes no mercado de buscas online e utilizou esse domínio para cobrar preços abusivos de empresas que anunciam em sua plataforma.

A ação foi apresentada ao Tribunal de Apelação da Concorrência britânico nesta quarta-feira (16) e afirma que o Google impediu a livre concorrência ao tornar seu sistema de buscas o padrão em dispositivos móveis. Isto, segundo a acusação, permitiu à gigante da tecnologia impor tarifas mais altas por seus serviços de publicidade.

Acusações de práticas anticompetitivas contra o Google

  • Segundo os advogados que movem o processo, o Google fechou contratos com fabricantes de celulares Android para pré-instalar o app de busca e o navegador Chrome, além de ter pago à Apple para ser o buscador padrão nos iPhones.
  • A alegação é de que essas medidas foram tomadas com o objetivo de afastar concorrentes e fortalecer sua posição dominante no setor.
  • A ação é liderada por Or Brook, especialista em direito da concorrência, representando milhares de empresas britânicas.
  • A acusação central é que o Google ofereceu funcionalidades superiores em sua própria plataforma de publicidade em relação às alternativas de concorrentes, consolidando seu poder de mercado.
Logotipo do Android na tela do celular. Um smartphone sobre um laptop exibindo o novo logotipo do Android
Acusação acusa o Google de fechar contratos com fabricantes de dispositivos Android para ter seus aplicativos pré-instalados (Imagem: Alex Photo Stock / Shutterstock.com)

Google nega acusações e enfrenta investigações

Um porta-voz do Google rebateu a ação ao The Guardian, classificando-a como “especulativa e oportunista”, e afirmou que “consumidores e anunciantes utilizam o Google porque ele é útil, não por falta de alternativas”.

Or Brook, por sua vez, afirma que as empresas anunciantes têm pouca ou nenhuma opção viável além do Google para divulgar seus produtos e serviços. “Os reguladores do mundo todo já classificaram o Google como um monopólio, e aparecer nas primeiras posições das buscas é essencial para ter visibilidade”, declarou.

Processo é parte de um cenário global de pressões

O Google já vem sendo investigado pela Competition and Markets Authority (CMA) do Reino Unido desde janeiro, por práticas no mercado de buscas e seus reflexos no setor publicitário. A CMA destacou que os serviços da empresa representam 90% das buscas realizadas no país e são utilizados por mais de 200 mil empresas britânicas para fins de publicidade.

Além disso, a companhia enfrenta múltiplas investigações e processos por práticas anticompetitivas em diversos países. Desde setembro, o Google está envolvido em um segundo julgamento antitruste nos Estados Unidos, após ter perdido uma ação anterior em agosto — cuja decisão ainda está sendo contestada.

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Google enfrenta processos por práticas anticompetitivas em diversos países (Imagem: Serhii Yevdokymov / Shutterstock.com)

Consequências possíveis e pressão internacional

Durante esse processo nos EUA, um executivo da área de anúncios do Google comparou o modelo de negócios da empresa à situação hipotética de um banco como Goldman Sachs ou Citibank controlando a Bolsa de Valores de Nova York.

Caso o Google perca o julgamento, poderá ser forçado a desmembrar partes de sua operação de tecnologia publicitária, o que afetaria diretamente sua principal fonte de receita e teria impactos significativos no setor de tecnologia como um todo.

Na Europa, a Comissão Europeia também acusou a empresa de violar as regras de concorrência digital ao favorecer nos resultados de busca os serviços da própria Alphabet em detrimento dos concorrentes. A infração das normas da Lei dos Mercados Digitais pode resultar em multas de até 10% do faturamento global da empresa — ou até 20% em caso de reincidência.

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Reações políticas e possíveis concessões

O cenário também tem envolvido tensões diplomáticas. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estaria pressionando governos e instituições a arquivarem ações contra empresas de tecnologia norte-americanas. Segundo relatos, ele estaria usando a ameaça de tarifas sobre produtos estrangeiros como forma de influenciar as decisões.

Ainda neste mês, surgiram informações de que o governo do Reino Unido estaria avaliando uma redução na alíquota do imposto sobre serviços digitais, atualmente em 2% sobre as receitas de gigantes da tecnologia como Amazon, Google e Apple. A medida arrecada cerca de £800 milhões por ano e poderia ser revista como forma de amenizar tensões com o governo americano.


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